Esportes

OPINIÃO | A primeira crise na Seleção Brasileira de Diniz

Após somente quatro jogos, Fernando Diniz já encara a sua primeira crise como treinador da Seleção Brasileira e dá motivos para isso

Foto: Vitor Silva/CBF

Somente quatro jogos e já temos a primeira crise na Seleção Brasileira com Fernando Diniz. Com toda razão, diga-se de passagem. Numa atuação pavorosa, o Brasil perdeu para o Uruguai por 2 a 0 nesta terça-feira (17), em Montevidéu, pela quarta rodada das Eliminatórias da Copa de 2026.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

Menos por conta do resultado, e menos ainda por receio de não classificar para o próximo Mundial, a crise chega pela completa ausência de futebol nas duas últimas rodadas, principalmente nesta última. No empate em 1 a 1 com a Venezuela, o Brasil já não tinha jogado nada. Em Montevidéu, conseguiu piorar.

Os zagueiros Marquinhos e Gabriel Magalhães erraram cada um em um gol. Os laterais Yan Couto e Carlos Augusto foram nulos. Com uma observação válida: eles só jogaram porque os convocados para a posição se machucaram.

Mas o pior setor da Seleção foi o meio de campo. Casemiro e Bruno Guimarães não se destacaram nem na saída de bola, nem na subida ao ataque. Neymar, o camisa 10 que tem com Diniz a função principal de armar o jogo, prendeu a bola e errou passes antes de sair machucado. Na frente, Vinicius Júnior, Rodrygo e Gabriel Jesus não existiram. As mexidas, tampouco, funcionaram. Enfim, um desastre.

O que acontece com nossas laterais?

Foto: Vitor Silva/CBF
Yan Couto foi titular na derrota para o Uruguai

Djalma Santos, Nilton Santos, Carlos Alberto Torres, Marco Antonio, Nelinho, Leandro, Júnior, Jorginho, Branco, Roberto Carlos, Cafu, Marcelo…

País de tantos laterais que se tornaram referências mundiais na posição, o Brasil hoje sofre para encontrar novos donos da posição. O que acontece com a formação de jogadores para essa posição?

Tite teve dificuldades nas duas últimas Copas do Mundo. Fernando Diniz tem a mesma dificuldade agora, em seu começo à frente do time.

E o italiano Carlo Ancelotti, se vier, também terá… Quem seriam os seus titulares da posição hoje?

Comparação inevitável

A comparação é inevitável. A cada partida da Seleção Brasileira com Fernando Diniz, principalmente nas partidas com resultados ruins, a comparação com o modelo de jogo que o técnico utiliza no Fluminense é imediata.

No Flu, finalista da Libertadores, Diniz tem muito mais tempo de trabalho. Tanto em relação ao período em que está à frente da equipe — desde maio de 2022 —, quanto em relação à quantidade de treinos que ele consegue dirigir da equipe.

Na Seleção, Diniz tem somente quatro jogos como treinador interino. Para cada jogo, teve, no máximo, dois bons treinos, já que os jogadores se apresentam em cima da hora e há o dia de folga entre as partidas das rodadas duplas das Eliminatórias. Só que o modelo de jogo de Diniz, goste-se ou não dele, exige muita repetição nos treinos. Todos os jogadores que trabalharam com ele repetem isso. Repetição que não é possível fazer na Seleção Brasileira.

Diniz não vai entregar o cargo. E vai continuar acreditando no que sempre pregou. Se as condições não são favoráveis, ele poderia adaptar a sua ideia de jogo. Mas não o fará justamente porque ele acredita totalmente nela.

Já a CBF precisa definir, o quanto antes, a situação do comando da Seleção. Diniz é interino mesmo? Ancelotti vem mesmo? Que tipo de legado Diniz deixará para o seu sucessor? Se Ancelotti recuar, Diniz continua? A CBF vai bancar o treinador se a Seleção continuar com desempenhos ruins?

As próximas rodadas das Eliminatórias reservam duas pedreiras para o Brasil: Colômbia, fora de casa, no dia 16 de novembro, e Argentina, no Maracanã, no dia 21. Até lá, duvido muito que aconteçam mudanças. Depois, quem sabe…