O momento de tensão gerado pela derrota na final do Campeonato Paulista transformou o jogo desta quarta-feira do Palmeiras, pela Copa Libertadores, de confronto direto pela liderança do Grupo H em chance de remédio contra a crise. Por isso, o time recebe o Boca Juniors, no estádio Allianz Parque, em São Paulo, a partir das 21h45, pela terceira rodada, mais preocupado em recuperar o ambiente do que focado na ponta.
O jogo contra o time argentino, adversário de mais tradição da chave, tem o peso similar ao de uma de decisão para o Palmeiras, que vê a partida com um olhar radical, sem meio-termo. Um tropeço implica em deixar o clima ainda mais carregado, além de perda da liderança do grupo para o Boca Juniors. Já a vitória ameniza o sofrimento.
O ambiente palmeirense ficou ruim desde o encerramento da final do Paulistão contra o Corinthians. A diretoria ficou revoltada com a arbitragem pelo pênalti de Ralf em Dudu ter sido marcado e posteriormente cancelado. O Palmeiras acusa a interferência externa para avisar o árbitro sobre o lance. Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza nega.
Desde o incidente, o Palmeiras adotou o silêncio. Nenhum jogador ou o treinador Roger Machado deu entrevistas, por ordem do próprio clube. Os últimos treinamentos foram fechados e sem informações sobre a escalação para a partida contra o Boca Juniors.
A maior atuação foi nos bastidores. O presidente do clube, Mauricio Galiotte, atacou a Federação Paulista de Futebol (FPF) e, em nota oficial, comunicou estar rompido com a entidade até que ela acate mudanças, como o árbitro de vídeo e a divulgação dos áudios das conversas da equipe de arbitragem.
A diretoria também proibiu representantes do clube de irem à festa de premiação do Estadual na última segunda-feira. No domingo, o elenco se recusou a subir ao pódio para receber as medalhas pelo vice.
Assim, o Palmeiras deu ao jogo desta quarta ares de decisão.
O contexto conturbado não permitiu ao Palmeiras desfrutar da posição cômoda que vive na competição. As vitórias nas duas primeiras rodadas, com cinco gols marcados e nenhum sofrido, deram ao time a melhor arrancada desta competição (junto com o Libertad, do Paraguai) e o início alviverde mais positivo em Libertadores desde 2001. Tudo isso, porém, deixou de ter importância.
A partida contra o Boca Juniors vale mais para o time se recuperar da decepção vivida contra o Corinthians do que pelo impacto dentro do próprio torneio continental. Em termos de calendário, o confronto contra os argentinos antecede sequências importantes de jogos.
O Palmeiras estreia no Campeonato Brasileiro logo depois, na segunda-feira, contra o Botafogo, no Rio de Janeiro, e terá nas próximas rodadas da Libertadores jogos como visitante contra o próprio Boca Juniors e o Alianza Lima, no Peru.
A torcida mostrou estar confiante no time, mesmo depois da decepção com o vice no Paulistão. Até esta terça-feira, o clube vendeu 33 mil ingressos para a partida contra o Boca Juniors. Desta cota, 3 mil bilhetes foram comprados depois de domingo.
Roger Machado conta com o retorno do volante Felipe Melo para a partida. Suspenso para a final do Paulistão por ter sido expulso no compromisso anterior, o jogador retorna e deve entrar na formação titular na vaga de Moisés.