Fundamentais para o Time Brasil alcançar o seu melhor resultado na última Olimpíada, em Tóquio, disputada em 2021, as mulheres devem ser igualmente ou até mais importantes para o País nos Jogos Olímpicos de Paris/2024, no ano que vem. A projeção é do Comitê Olímpico do Brasil (COB), que traçou como meta superar os resultados obtidos no Japão.
Em Tóquio, a delegação brasileira conquistou 21 medalhas, registrando a melhor participação da sua história. Foram sete medalhas de ouro, seis de prata e oito de bronze. As mulheres foram responsáveis por nove dessas conquistas. No final, o Brasil ficou com a 12ª colocação entre 206 países participantes. Os Jogos de 2020 de Tóquio foram disputados em 2021 por causa da pandemia de covid-19.
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O COB trabalha para que o desempenho seja ainda melhor na França e confia em suas estrelas, muitas delas mulheres.
“A maior parte das medalhas deve vir do segmento feminino A gente entende que há um potencial muito grande em desenvolvimento ainda em várias modalidades. Há poucos países que dão prioridade ao segmento feminino, e o Brasil tem feito isso. Podemos, realmente, subir esse resultado”, aposta o vice-presidente do COB, Marco Antonio La Porta.
As principais estrelas com chance de brilhar na capital parisiense, repetindo o que fizeram em Tóquio, são a jovem skatista Rayssa Leal, a ginasta Rebeca Andrade e a nadadora Ana Marcela Cunha.
“Podem esperar da Rebeca que ela vai dar 110% em Paris. Vou fazer o máximo e dar o meu melhor naquele momento, com a certeza de que vou ter feito tudo que podia. O que mais quero é sair da competição com a certeza de que não poderia ter feito nada de diferente, independentemente de erros ou acertos e do que as pessoas vão falar”, avisa Rebeca.
Em Tóquio, a ginasta se tornou a primeira atleta brasileira a faturar duas medalhas em uma mesma Olimpíada, ao levar a prata no individual geral e o ouro no salto na ginástica.
“A participação feminina só tende a crescer”, acredita Ana Marcela, nadadora sete vezes eleita melhor do mundo e que ganhou o ouro na maratona aquática em Tóquio.
Para sair da “zona de conforto”, como ela define, a baiana de Salvador mudou de cidade, de país e de treinador. Passou a morar em Roma, na Itália, e trocou a parceria com Fernando Possenti para ser treinada pelo italiano Fabrizio Antonelli.
“Viramos a página, passei a treinar lado a lado com várias atletas olímpicas. Cada sessão de treino é um novo desafio, uma competição. Subimos o nível da disputa rumo a Paris. Estou bem física e mentalmente para continuar treinando a nível de alta performance. Seguimos braçadas na frente”, conta Ana Marcela.
A experiente judoca Mayra Aguiar, a boxeadora Beatriz Ferreira e Ana Patrícia/Duda, dupla do vôlei de praia, são outras atletas com possibilidade de protagonismo na França.
“Acho que a representatividade feminina é ainda mais importante na base, em oportunidades para mais meninas entrarem no esporte, seja ele qual for, para que possam praticar a modalidade que escolherem sem nenhum tipo de preconceito e em igualdade de condições”, aponta Ana Patrícia.
Ela e sua parceira, Duda, lideram o ranking mundial do vôlei de praia feminino. No ano passado, foram campeãs mundiais. Neste ano, ficaram com o vice.
DE MARIA LENK A RAYSSA LEAL
A história das mulheres brasileiras nos Jogos Olímpicos teve início em 1932, 12 anos depois de o Brasil estrear no megaevento. Em Los Angeles, nos Estados Unidos, apenas uma mulher integrou a delegação nacional: a nadadora paulista Maria Lenk, que fez história aos 17 anos ao ser a primeira atleta sul-americana a participar de uma edição olímpica.
A primeira medalha feminina do Brasil veio apenas em Atlanta/1996, quando 66 atletas femininas participaram da competição, representando 29% do total e conquistando quatro pódios, todos em modalidades coletivas, com destaque para o ouro festejado por Jacqueline Silva e Sandra Pires no vôlei de praia.
Foi no Rio, em 2016, no entanto, a edição em que o Brasil registrou o maior número de atletas participando dos Jogos e a maior quantidade de mulheres em ação em diversas modalidades. Foram 209 competidoras, ou 45% do total de 465 atletas. As mulheres faturaram cinco das 19 medalhas brasileiras, ou 26%.
“É possível ocupar os espaços. A gente pode estar onde queremos estar. A mulher dá conta de ser mãe, treinadora, esposa e o que mais ela quiser ser”, diz Camila Ferezin, eleita a melhor treinadora individual no Prêmio Brasil Olímpico. A profissional é a grande responsável pelo salto da ginástica rítmica nos últimos anos.
EQUIDADE DE GÊNERO E PREMIAÇÃO
A próxima Olimpíada terá como marca a equidade de gênero. Pela primeira vez, os Jogos terão paridade no número de competidores no Brasil: serão 5.250 homens e 5.250 mulheres. O COB crê que a composição da delegação brasileira pode ser inédita. “Há uma grande possibilidade de a gente ter mais mulheres até do que homens na nossa delegação”, projeta o vice-presidente da entidade.
“Muitas vezes, o maior adversário das mulheres nas quadras, piscinas e nas pistas não são as adversárias, mas o sexismo”, critica Leila Barros, ex-jogadora de vôlei e atual senadora.
Ela foi relatora do projeto que deu origem à Lei Geral do Esporte, aprovada no Senado em maio. A legislação prevê, por exemplo, isonomia nos valores pagos a atletas homens e mulheres nas premiações nos campeonatos.
O COB não fará distinção de valor entre homens e mulheres na destinação da premiação a ser paga aos atletas que ganharem medalha em Paris/2024. A entidade vai destinar R$ 350 mil pela medalha de ouro, R$ 210 mil pela de prata e R$ 140 mil pela de bronze, no caso de atletas individuais.
Os esportistas de modalidades disputadas em grupo (até seis atletas) vão faturar R$ 700 mil pelo ouro, R$ 420 mil pela prata e R$ 280 mil pelo bronze, valor que será dividido pelos membros do time.
A última categoria, a de jogadores de modalidades coletivas (a partir de sete esportistas), como vôlei e futebol, vai pagar R$ 1,05 milhão aos campeões, R$ 630 mil para os segundos colocados e R$ 420 mil aos que subirem no terceiro lugar mais alto do pódio.