Rio –
O empate com direito a recorde olímpico entre a norte-americana Simone Manuel e a canadense Penny Oleksiak tem um significado histórico que vai muito além de uma rara igualdade no alto do pódio. Com o ouro, Simone se tornou a primeira mulher negra a vencer uma prova olímpica na natação.
A nadadora afirmou que chorou muito após a conquista, e dedicou a vitória a ídolos negros do passado. “Significa muito para mim, mas essa medalha não é só minha. É de muitos afrodescendentes americanos que vieram antes de mim e me inspiraram, como Cullen Jones e Maritza Correia, pra citar apenas dois. Espero que eu também inspire muitos no futuro”, afirmou.
A atleta acha que seu pódio pode servir de exemplo para que a discriminação racial mude em seu país. “Eu acho que essa medalha representa muito nesse momento, com alguns problemas de brutalidade policial que têm acontecido. Essa vitória ajuda a trazer momentos de esperança”, continuou a campeã olímpica.
Logo que viu seu nome no placar eletrônico com o número um do lado, a nadadora ficou radiante. “Eu não encontro palavras para descrever como estou me sentindo, mas estou realmente eufórica”, afirmou a garota, que completou 20 anos pouco antes da Olimpíada começar. Ela também conquistou uma prata no revezamento 4×100 metros livre dos Estados Unidos.
Na hora da cerimônia de premiação dos 100m livre, tanto ela quanto Penny ficaram no lugar mais alto do pódio, ouviram dois hinos e viram duas bandeiras tremularem como primeiro lugar, uma em cima da outra. Tudo porque houve o empate. Primeiro, o sistema de som tocou o hino dos Estados Unidos e depois do Canadá. “Eu chorei muito depois da prova. Foi uma grande jornada e eu estou superanimada. Quando ouvi o hino nacional tocando, foi emocionante.”
Como as duas nadadoras fizeram tempos iguais na prova, ambas ficaram com a medalha de ouro. A norte-americana Simone Manuel e a canadense Penny Oleksiak nadaram a distância em 52s70 e chegaram ao lugar mais alto do pódio. O bronze ficou com a sueca Sarah Sjostrom. E ninguém levou a prata.
O mais curioso é que no momento que houve a chegada da prova, as duas atletas olharam para o placar eletrônico, no alto do Estádio Aquático, e comemoram. Em um primeiro momento, não perceberam que havia sido empate. Mas depois que a ficha caiu, elas festejaram ainda mais e se abraçaram na piscina.
Não é comum as provas de natação terminarem em empate, até porque o sistema de cronometragem conta com grande precisão que marca os centésimos. Tudo é feito eletronicamente e por isso, quando o placar mostrou resultados iguais de tempo, não existia dúvida de que havia ocorrido mesmo um empate.