A judoca Rafaela Silva perdeu a medalha de ouro que conquistou na edição deste ano dos Jogos Pan-Americanos, em Lima, no Peru. A informação foi passada pela Organização Desportiva Pan-Americana (Panam Sports) nesta quarta-feira (25). O caso da atleta se deve ao flagrante no exame antidoping, no dia 9 de agosto, para a substância fenoterol, que tem efeito broncodilatador e costuma ser usada em tratamento de doenças respiratórias, como a asma.
“A participação da atleta nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019 foi anulada, por essa razão a atleta perdeu a medalha de ouro que ganhou na disputa até 57 quilos do judô”, diz o comunicado da Panam Sports.
Na segunda-feira (23), ela perdeu para Ellen Santana, em luta disputada no Grand Prix de Brasília. A campeã olímpica sofreu um ippon com 18 segundos decorridos no golden score (tempo extra). Após a derrota, falou com a imprensa.
“Eu não fico batendo muito na tecla. O que tinha que falar, já falei. Agora vai para meus advogados. Eu estava focada. Queria ajudar minha equipe. Não pude marcar ponto, mas quis ajudar”, disse a atleta do Grupo Reação.
No domingo, Rafaela, campeã mundial e também do Jogos Pan-Americanos de Lima em sua categoria, havia vencido duas lutas. Primeiro diante de Agnes Motta, do Paineiras, por waza-ari no golden score; e outra contra Sarah Nascimento, do Minas, por acúmulo de punições.
Em entrevista coletiva realizada na última sexta-feira (20), no Rio de Janeiro, a atleta, de 27 anos, se defendeu ao dizer que a presença de fenoterol em seu teste de urina, substância capaz de melhorar o desempenho de um atleta, se deve à contaminação pelo contato com um bebê que toma medicação contra problemas respiratórios.
Vinte dias após o antidoping positivo, Rafaela se submeteu a outro exame idêntico, no Mundial de Judô, que não identificou a substância em seu organismo. Ela foi medalha de bronze no individual e nas equipes mistas.
Contaminação acidental
Rafaela afirma que a contaminação pode ter acontecido de forma acidental, durante uma brincadeira com uma criança: “Sempre tive muito cuidado como atleta e nunca imaginaria que pegaria uma criança de 6 meses no colo que faz uso dessa substância. Tenho o costume de brincar com meu sobrinho, minha sobrinha, que hoje tem 14 anos. Sempre dou meu nariz para as crianças brincarem chupando como se fosse uma mamadeira, e uma das crianças com as quais brinquei fez uso dessa substância. Esta pode ser a forma como [a substância] entrou no meu corpo”.
“Antes do Pan estive no Grand Slam de Budapeste [Hungria]. Fiquei vendo todos os meus dias, pensando o que podia ter acontecido. E a única pessoa que faz uso dessa substância é a Lara, filha de uma amiga minha do Instituto Reação. Tenho essa mania de dar o nariz para o neném chupar. Como Cameron me explicou, inalo o que ela manda para meu corpo conforme ela chupa meu nariz”, diz Rafaela.