Que Jorge Jesus transformou um time inseguro e irregular em uma máquina de vencer, isso todo mundo sabe. Mas o português não fez a revolução sozinho. Dois jogadores experientes incorporados ao elenco do Flamengo no meio do ano se mostraram fundamentais para colocar a locomotiva nos trilhos: Rafinha e Filipe Luís, que chegaram ao clube para melhorar o nível do jogo nas laterais e injetar espírito vencedor na equipe. Conseguiram cumprir os dois objetivos com louvor.
Rafinha e Filipe, ambos de 34 anos, voltaram ao Brasil após terem passado muitos anos ganhando títulos na Europa – o primeiro, no Bayern de Munique, e o segundo, no Atlético de Madrid. A longa vivência no futebol ajudou os dois laterais a entenderem rapidamente do que o Flamengo precisava e se tornarem peças importantíssimas da engrenagem montada pelo treinador português.
Não que o sucesso tenha chegado sem alguns tropeções. Em julho, com poucas semanas de clube, Rafinha viveu uma noite terrível em Guayaquil quando foi escalado no meio de campo contra o Emelec, pelas oitavas de final da Copa Libertadores. Deu tudo errado. Jogando fora de sua posição, o paranaense se saiu mal e foi bastante questionado, mas soube suportar a turbulência até se tornar uma figura inquestionável na equipe.
Se o pesadelo de Rafinha teve como cenário uma cidade do Equador, o de Filipe Luís deu-se em Salvador. O catarinense havia acabado de chegar ao Flamengo quando entrou em campo para enfrentar o Bahia na Fonte Nova, e a coisa foi feia. O lateral tornou-se presa fácil para o veloz ataque baiano e o time carioca perdeu por 3 a 0 – única derrota de Jorge Jesus no Brasileirão, aliás.
Filipe, um jogador que nunca foi muito popular no Brasil, viu-se massacrado pelo público e pela crítica. Dizia-se que ele não tinha mais capacidade física para jogar em alto nível, mas bastaram algumas semanas para o lateral recuperar a boa forma e surpreender positivamente quem não conhecia seu futebol – o que é um pouco estranho em se tratando de um jogador que defendeu (e bem) a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2018 e na Copa América deste ano.
“Eu e o Rafinha temos formas diferentes de jogar. Acho que a gente se completa. Eu jogo mais por dentro, ele passa com muito mais velocidade do que eu”, analisou o ex-jogador do Atlético de Madrid.
Com fôlego e inteligência de sobra, os “tiozinhos” do elenco do Flamengo serviram como “auxiliares técnicos” de Jorge Jesus em campo e ajudaram o português a mudar a cara do time na segunda metade da temporada. Quando a dupla chegou ao clube, não faltou quem dissesse que os dois laterais haviam voltado ao Brasil apenas para curtir uma espécie de pré-aposentadoria. Pois hoje é bem difícil encontrar alguém disposto a repetir semelhante bobagem.