A solução que o técnico Dunga encontrou para começar a reconstruir a seleção brasileira depois do fracasso na Copa foi requentar o passado recente. Ele aproveitou a base da escalação de Felipão e atualizou o esquema idealizado pelo antecessor Mano Menezes. É com esse mix que a equipe enfrenta nesta sexta-feira a Colômbia, às 22 horas (de Brasília) em Miami, nos Estados Unidos. É a primeira partida depois do vexame. Embora tenha tido pouco tempo para treinar, Dunga mostrou que ainda não tem uma filosofia de jogo para ser implantada. Na falta de ideias para uma renovação profunda, vai reciclar.
O que Dunga quer mesmo é vencer a Colômbia. Na visão do treinador, o resultado é o ponto de partida para resgatar a confiança e começar a esquecer de vez o passado. “Não é só no futebol, mas na vida também vivemos de resultados e cobrança por vitórias. O torcedor tem que ver uma seleção vibrante em campo e ter certeza de que deram 110%”, afirmou o treinador.
O requentado de Dunga começa com os onze titulares que vão entrar no Sun Life Stadium. Oito deles foram são do grupo da Copa. As únicas novidades são o zagueiro Miranda, o lateral Filipe Luís e o atacante Diego Tardelli. Enxergou aí uma questão hierárquica. “Gosto de hierarquia. Temos de dar oportunidade para os jogadores que estiveram na Copa. Os outros também terão oportunidades”.
O esquema tático tem semelhanças com aquilo que Mano Menezes implantou em 2012 antes de ser demitido. Nos treinos, Dunga pediu que Tardelli rodasse o campo todo, sem posição fixa. Oscar e William têm a obrigação de se aproximar. O que Mano fazia. “Se o atacante está em movimentação, ele tira o sincronismo da defesa e abre espaços para atacar”, explica.
Por essas e outras, Dunga descartou a reformulação. “Não temos que colocar essa palavra, senão o jovem vai achar que estará dentro só por causa da idade. E não é assim. É por rendimento. É importante ter o entusiasmo do sangue novo, mas ter um grupo experiente para dar tranquilidade”.
Dunga tem um álibi forte: o pouco tempo de treinamento. Foram duas atividades intensas em Miami, com mais duas horas de duração cada uma. Na quinta-feira, ele pegou mais leve e só ensaiou bolas paradas.
O problema foi o que fazer com esse tempo. Nem nos treinos, mostrou o esboço de uma filosofia que refletisse seu modo de ver o jogo. “Vamos conseguir resultado com qualidade, trabalho, determinação, foco e comprometimento.”
Nesse contexto, Dunga afirma que a Colômbia tem sua parcela de favoritismo porque o treinador José Pekerman trabalha com os jogadores há quatro anos e conhece seu grupo.
Dunga tem seus méritos. É pragmático, claro, e se mostrou preocupado em fazer os jogadores rodarem a bola de um lado para o outro, com poucos toques curtos, buscando espaços para lançamentos. O Brasil deve ser mais objetivo, buscar a definição rápida. Quase uma Holanda. O amistoso contra a Colômbia vai começar a responder se só a intensidade e a velocidade serão suficientes para fazer o Brasil se reencontrar.
Reencontro
O confronto entre Brasil e Colômbia também vai colocar pela primeira vez Neymar e Zúñiga frente a frente. O lateral do Napoli foi responsável por tirar a estrela brasileira da Copa do Mundo, ao acertar uma joelhada e causar uma fratura em uma vértebra lombar do camisa 10 brasileiro nas quartas de final.
Ficha Técnica
Brasil x Colômbia
Brasil – Jefferson, Maicon, David Luiz, Miranda e Filipe Luís; Luiz Gustavo, Ramires, Oscar e William; Diego Tardelli e Neymar. Técnico: Dunga
Colômbia – Ospina, Zúñiga, Zapata, Valdés e Armero; Sanchez, Aguilar, James Rodríguez e Cuadrado; Gutiérrez e Falcao García. Técnico: Jose Pékerman
Juiz – David Antar (Canadá)
Local – Sun Life Stadium
Horário – 22 horas