Esportes

Rio Branco "apaga" títulos de sua história em ação contra a invisibilidade dos negros

A campanha começou com uma publicação nas redes sociais do clube, que deixou a torcida confusa, sem entender o que estava acontecendo

Foto: Vitor Recla / Rio Branco

Maior campeão do futebol capixaba, o Rio Branco “apagou” os 37 títulos estaduais de sua história em uma ação contra a discriminação racial e a invisibilidade da população negra nesta quinta-feira (03). 

Essa é uma das iniciativas do clube, por meio Núcleo Capa-preta Antidiscriminação (Nucad), em alusão ao Mês da Consciência Negra.

A campanha começou com uma publicação nas redes sociais que deixou a torcida confusa, sem entender o que estava acontecendo. Na postagem, o clube citou que em 2023 iria em busca do primeiro título de sua história. 

Nos comentários, os torcedores se mostraram surpresos com a mensagem, já que o time é o maior campeão estadual, com 37 títulos.

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“Como assim vão buscar o primeiro título? E os outros? O que está acontecendo?”, questionou um dos torcedores. Todos os outros comentários eram de torcedores confusos com a publicação. Para alguns, o perfil do clube ainda respondeu que, de fato, nunca havia sido campeão.

Horas depois, o clube fez outra publicação, revelando todo o mistério e o motivo de ter apagado seus títulos.

“Em nossa última publicação aqui nas redes sociais, imaginamos um Rio Branco sem os negros de sua história. E esse Rio Branco, com o apagamento deles, não teria um título sequer! Agora imagine um País assim. Ou a história de um país contada sem eles. É assim no Brasil”, publicou o clube, com uma imagem de diversos negros campeões de sua história, de 1919 a 2015.

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Na publicação, o clube explicou que o objetivo era mostrar como a sociedade “apagou” os negros de sua historia.

“A invisibilidade dos negros na história brasileira é presente e contínua. O apagamento é geral e tem raízes profundas. Todos os ciclos econômicos que enriqueceram o país têm trabalho negro. A Independência do Brasil, que este ano completou 200 anos, tem sangue e luta negra. Eles estavam nos momentos mais históricos da nação. Mas quantos são lembrados? Quais entraram nos livros de história? De qual você sabe o nome? Os negros, mesmo presentes e com uma história riquíssima, foram apagados da história. E continuam sendo”, destacou o clube.

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A campanha é uma iniciativa em alusão ao Mês da Consciência Negra, celebrado em novembro. A ação foi organizada pelo Núcleo Capa-preta Antidiscriminação (Nucad), criado pelo clube este ano para combater a discriminação no futebol.

“Estamos entrando em novembro, Mês da Consciência Negra, mas a luta precisa ser todos os dias para que os negros não sejam mais invisibilizados, não sejam mais apagados. Que as histórias sejam resgatadas, recontadas, respeitadas! Que todas as histórias sejam valorizadas: as que passaram, as que estão acontecendo e as que virão”, finalizou a nota.