A Comissão de Ética do Futebol determinou neste domingo (6) o afastamento de Rogério Caboclo, presidente da CBF. Os membros da Comissão de Ética enviaram a ordem à diretoria da CBF para que o dirigente fique fora do cargo por pelo menos 30 dias, com possibilidade de prorrogação, para se defender devidamente da denúncia de assédio moral e sexual, protocolada por uma funcionária da CBF na última sexta-feira (04).
Com o espaço vago, quem volta ao comando da CBF, no papel, é o vice-presidente mais velho da entidade, Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes. Caboclo e a CBF já foram notificados da decisão. Esse era o movimento da Comissão de Ética já era esperado pela diretoria da CBF, que se uniu para apoiar a saída de Caboclo do poder neste momento e instou o órgão a se manifestar.
A articulação recente envolveu cinco dos oito vices da entidade. O agora presidente afastado tentou resistir enquanto pôde e se viu contrariado. Mas deu sinais de que continuará lutando para ficar no cargo.
A diretoria da CBF tem o poder de executar o afastamento com base no artigo 143 do Estatuto da CBF: “Nos casos de urgência comprovada, a Diretoria da CBF poderá afastar, em caráter preventivo, qualquer pessoa física ou jurídica direta ou indiretamente vinculada à CBF que infrinja ou tolere que sejam infringidas as normas constantes deste Estatuto ou do Estatuto da FIFA ou da CONMEBOL, bem como as normas contidas na legislação desportiva e nos regulamentos da CBF”.
A defesa de Rogério Caboclo responde que “ele nunca cometeu nenhum tipo de assédio e vai provar isso na investigação da Comissão de Ética”.
A troca na presidência da CBF se dá às vésperas de uma Copa América trazida para o Brasil após o “sim” dado por Caboclo à Conmebol. O dirigente se aliou ao presidente da República, Jair Bolsonaro, para organizar o torneiro em solo brasileiro. Mas o modus operandi dessa confirmação trouxe um problema dentro da própria seleção, a ponto de jogadores e comissão técnica demonstrarem diretamente a Caboclo a insatisfação com o cenário.
Com a saída de Caboclo, a expectativa de quem fica à frente da CBF é apaziguar os ânimos na seleção brasileira, especialmente com o técnico Tite, para que a disputa da Copa América avance com menos problemas.
Nos últimos meses, a relação com a diretoria e funcionários da CBF se desgastou. O ápice se deu com o surgimento do caso de assédio moral e sexual contra uma cerimonialista que trabalhava diretamente com ele. Como o GE revelou, a denúncia dá conta que Caboclo perguntou à funcionária se ela se “masturbava”. Em outro momento, Caboclo tentou forçá-la a comer um biscoito de cachorro, chamando-a de “cadela”.