Nunca o tão aguardado título da Copa do Brasil esteve tão perto para o São Paulo. Mesmo sem fazer uma grande exibição, mas se mostrando à vontade no Maracanã, o São Paulo derrotou o Flamengo neste domingo (17) por 1 a 0, gol de Calleri, e agora está a apenas de um empate no Morumbi de seu primeiro título da competição.
Com o jogo encerrado, o torcedor são-paulino — que lotou seu espaço no estádio — cantou a plenos pulmões que “o Maraca é nosso”. Do outro lado, os rubro-negros gritavam “vergonha” e disparavam xingamentos aos dirigentes do Flamengo.
Apesar da boa vantagem, o São Paulo deixou o Maracanã apostando na tática de manter os pés no chão.
Bicampeão da Copa do Brasil — venceu em 2010 pelo Santos e no ano passado pelo Flamengo — , o técnico Dorival Júnior conhece bem o caminho do título. E, até por isso, avisou que a sua equipe terá de fazer ainda mais na partida de volta, no próximo domingo (24), `às 16h00, no Morumbi.
“Foi um jogo intenso e muito bem realizado por todos, mas foi só a primeira etapa de um jogo de 180 minutos. Não podemos nos esquecer quem está do lado de lá, a qualidade deste grupo, que conheço bem. Sei que teremos de fazer muito mais para fazer o resultado dentro do Morumbi”, alertou Dorival.
O capitão Rafinha seguiu a mesma linha de raciocínio do seu treinador.
“A gente se comportou muito bem, parabéns à nossa equipe. É muito difícil jogar aqui. O Maraca estava lindo, isso é prazeroso, estamos contentes de ter conquistado a vitória, mas isso não significa nada, tem mais 90 minutos, temos que fazer outro jogo como hoje, impecável, para sair com o título”, disse Rafinha.
Como foi o jogo
Os treinadores, cada um ao seu jeito, apresentaram novidades no início da partida. Dorival Júnior decidiu dar uma dose de cautela e começou o jogo com Rodrigo Nestor em campo e Luciano no banco. Jorge Sampaoli, por sua vez, optou por um esquema mais ofensivo, com Bruno Henrique, Gabriel Barbosa e Pedro juntos.
Uma equipe mais afeita ao ataque era tudo o que o incomodado torcedor rubro-negro, que lotou o Maracanã, esperava depois de semanas de incertezas e incômodo com as exibições abaixo da média do time comandado por Sampaoli. Mas o ânimo esfriou tão logo a bola começou a rolar, uma vez que o trio ofensivo não conseguiu se criar diante do quarteto defensivo do São Paulo.
Isso porque Arboleda e Beraldo se revezavam no miolo de zaga na marcação a Pedro, Caio Paulista não dava espaços para o impaciente Gabriel Barbosa na esquerda, e Bruno Henrique não vencia os duelos com Rafinha do outro lado.
Para completar, no primeiro tempo da decisão quem levou mais perigo foi o São Paulo do aparentemente cauteloso Dorival, com as principais jogadas passando pelos pés de Lucas Moura.
Na reta final do primeiro tempo, o São Paulo acelerou. E chegou ao gol aos 45 minutos, quando Nestor cruzou pelo alto no segundo pau, onde Calleri, completamente livre, cabeceou para o gol de um indeciso Matheus Cunha, abrindo o marcador.
Vaias para o Flamengo
O Flamengo voltou para o campo vaiado pelo seu próprio torcedor. O jogo, contudo, começou com uma dinâmica diferente daquela vista na primeira etapa. Com Everton Ribeiro na vaga de Victor Hugo, o Flamengo avançou suas linhas e finalmente deu a entender que faria valer o fator casa.
As tabelas e triangulações ofensivas, que inexistiam até então, começaram a aparecer. Assim, o eficiente quarteto defensivo do São Paulo já não tinha mais a mesma facilidade para quebrar o jogo rubro-negro. O time paulista também não conseguia mais trocar passes no meio. Restava à equipe se defender e tentar os lançamentos para um isolado Calleri no ataque.
Vendo o time acuado, Dorival Júnior tratou de mexer. Primeiro, saiu Alisson, o único da equipe até então com cartão amarelo; depois, Lucas e Nestor deixaram o campo. Gabi, Luciano e Michel Araújo entraram.
As mudanças não foram suficientes para fazer o São Paulo voltar a se impor, mas ao menos tiraram o time do sufoco defensivo. Assim, bastaria deixar o tempo correr e assegurar a vitória no primeiro jogo das finais da Copa do Brasil. Deu certo. A primeira Copa do Brasil do São Paulo nunca esteve tão perto.
Protestos da torcida
Inconformada com o futebol ruim e, claro, com o resultado da partida, parte da torcida do Flamengo deixou o Maracanã mais cedo. E houve uma grande vaia, acompanhada de xingamentos ao presidente do Fla, Rodolfo Landim, quando o locutor do estádio anunciou a renda da partida.
Os mais de R$ 26 milhões são a maior arrecadação da história do futebol brasileiro em uma única partida.
FLAMENGO 0 X 1 SÃO PAULO
Estádio: Maracanã
FLAMENGO:– Matheus Cunha; Wesley (Matheuzinho), Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Erick Pulgar (Thiago Maia), Victor Hugo (Everton Ribeiro) e Gerson; Gabriel Barbosa (Everton Cebolinha), Bruno Henrique e Pedro. Técnico: Jorge Sampaoli.
SÃO PAULO: Rafael; Rafinha, Arboleda, Beraldo e Caio Paulista (Welington); Pablo Maia, Alisson (Gabi), Rodrigo Nestor (Michel Araujo) e Wellington Rato (Juan); Lucas Moura (Luciano) e Calleri. Técnico. Dorival Júnior.
GOL: primeiro tempo — Calleri, aos 45 minutos
Juiz: Anderson Daronco (RS).
PÚBLICO: 60.390 pagantes (67.350 total).
RENDA: R$ 26.343.300,00
*Com informações da Agência Estado.