Esportes

Sem limites! Daniel Mudinho é exemplo de superação nas artes marciais

De brigão na infância para se defender de bullying por ser surdo e mudo, Daniel Conceição, o "Mudinho", vira exemplo de superação e faz planos para ser campeão

Foto: Acervo pessoal

Quando Daniel Conceição entra no ringue ou no octógono, ele sempre dá mais uma prova de que não há limites para quem se entrega de corpo e alma a alguma coisa. Lutador com deficiência auditiva e mudo, Daniel Conceição virou o “Mudinho” nos ringues.

E se quando criança ele brigou muito com os colegas que insistiam em provocá-lo por conta da deficiência auditiva, hoje ele usa as artes marciais como forma de melhorar a própria vida.

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Nascido em Muruci (BA), Daniel hoje mora e treina em Conceição da Barra com a equipe TF Team. É a mesma equipe do lutador capixaba Vitor Costa, que vai fazer a luta principal do Jungle Fight 120, evento que acontece neste sábado (30), no ginásio do Tartarugão, em Vila Velha, com ingressos esgotados. Mudinho enfrentaria o lutador Luiz Carlos Aranha, de Manaus (AM), em uma das 13 lutas do card. Porém, o combate foi cancelado na tarde desta sexta-feira porque o adversário perdeu o voo.

Apenas mais um obstáculo para quem está acostumado a superar as adversidades no dia a dia desde pequeno. O primeiro contato de Daniel com as artes marciais aconteceu ainda na infância, quando foi alvo de bullying.

“Desde novo, devido a ser mudo e surdo, vieram os preconceitos, as brincadeiras sem graça e eu brigava muito na rua. Até que meu primeiro instrutor, Charles, me viu e me colocou para treinar. A princípio, era para me tirar das brigas. Mas tomei amor pela luta e agora isso é a minha vida”, contou Daniel, 30 anos.

Relação de família com o treinador

A comunicação com o lutador se dá por linguagem labial e é feita através do seu atual treinador, Fábio Cardoso. Uma relação que vai além dos treinos e virou um sentimento de família.

Foto: Acervo pessoal
Daniel Mudinho ao lado do treinador Fabio Cardoso: comunicação é feita por leitura labial

“Desde que comecei a treinar, mudou meu autocontrole e comecei a saber lidar mais com as pessoas. Na arte marcial, não há preconceitos e somos todos tratados de forma igual. É uma família. E isso nos dá motivação para seguir. Há nove anos estou com mestre Fabão. Eu moro com ele, que é como um pai pra mim. Minha vida hoje é maravilhosa! Me encontrei como atleta e como família e mais ainda com Deus”, explica Daniel.

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Peso mosca (até 61kg), Daniel Mudinho tem cinco vitórias e quatro derrotas no cartel no MMA. Pelo Jungle Fight, ele venceu duas vezes: vitória sobre Igor Matos por decisão unânime e sobre Douglas Andrade Nicácio por decisão dividida dos árbitros. A luta que foi cancelada seria a sua terceira na franquia para a qual ele tem planos ambiciosos.

“Tenho duas vitorias no Jungle e vou buscar mais. Na próxima, já quero lutar pelo cinturão da categoria. Estamos preparados para qualquer um e vamos buscar a vitória. Nunca foi sorte, sempre foi Deus”, garante.

Motivação extra

A dificuldade na comunicação poderia ser um obstáculo a mais. Mas Daniel prefere ver de outra forma. E acaba merecendo destaque realmente pelo que faz dentro do ringue, independentemente de ter ou não algum tipo de deficiência.

“Como te disse, na arte marcial não tem diferença. E aqui na nossa família TF Team, muito menos! Não tenho que provar mais nada. Pra mim, eu vou ser campeão. Já enfrentei muita coisa e agora vivo ao lado de Deus e de uma família que me apoia o todo tempo. Então, é só seguir e buscar o sonho”, conclui o lutador.