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Sofia Madeira | "Mudamos o patamar da ginástica brasileira"

Capixaba Sofia Madeira comemora momento histórico da seleção brasileira de ginástica rítmica e vibra com a vaga olímpica

Foto: Ricardo Bufolin/CBG
Sofia Madeira, ao centro, durante apresentação do conjunto brasileiro no Mundial de Valencia

Com tradição não se brinca. Sofia Madeira sabe disso e tem representado com louvor a tradição da ginástica rítmica capixaba, que há décadas abastece a seleção brasileira da modalidade com atletas e treinadores do mais alto nível. A atual geração, com Sofia e Deborah Medrado na seleção de conjunto e Geovanna Santos no individual, foi além. E ajudou a mudar o patamar da ginástica rítmica (GR) brasileira diante do restante do mundo.

O quarto lugar do conjunto brasileiro na final dos arcos no Campeonato Mundial de Valencia, encerrado no domingo (27), na Espanha, com a mesma pontuação da terceira colocada Itália, 35.850, mas uma posição atrás somente nos critérios de desempate, significa um recado bem claro às adversárias. O Brasil chegou e quer mais.

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“Querendo ou não, agora somos uma ameaça a todas elas. E isso é incrível! Fizemos história para o Brasil!”, destaca Sofia.

Mas não foi somente o conjunto brasileiro que mudou de patamar. A própria Sofia tem uma mudança bastante significativa. Afinal, a partir de agora, ela é uma atleta olímpica, já que a campanha do Brasil no Mundial de Valencia, com o sexto lugar na classificação geral, valeu a classificação para os Jogos de Paris/2024.

Foto: Ricardo Bufolin/CBG
O conjunto brasileiro na prova dos 5 arcos: quarta colocação no Mundial de Valencia

A capixaba de 19 anos, ginasta do Incesp, conversou com a reportagem do Folha Vitória pouco antes de embarcar para a viagem de volta ao Brasil. E surpreendeu ao revelar que, por pouco, a ginástica rítmica não a perdeu para uma outra modalidade: o futsal.

“Logo que eu conheci o esporte, eu ficava entre futsal e ginástica, quando era bem novinha. E eu optei pela ginástica. Lembro que desde a minha segunda competição, por aí, eu tinha o sonho de ir para uma Olimpíada”, contou.

FOLHA VITÓRIA — Para a maioria das pessoas, vocês são super jovens. Mas a verdade é que vocês começam muito cedo na ginástica, passam muito cedo por vários desafios e precisam amadurecer mais rápido do que as meninas da mesma idade. Ao atingir um objetivo tão incrível como a classificação olímpica e essa campanha no Mundial, qual é o filme que passa na sua cabeça?

SOFIA MADEIRA — Passa um filme na minha cabeça porque, logo que eu conheci o esporte, eu ficava entre futsal e ginástica, quando era bem novinha. E eu optei pela ginástica. Lembro que desde a minha segunda competição, por aí, eu tinha o sonho de ir para uma Olimpíada. Foi muito tempo de trabalho, foram muitos anos treinando no Espírito Santo. E aí veio a convocação em 2018 para ir para a seleção brasileira, mas não passei na seletiva. Em 2021, eu fui chamada novamente, mas estava com uma lesão no pé. Mas, graças a Deus, deu tudo certo, me recuperei dessa lesão e tive agora a oportunidade de de representar o País no Campeonato Mundial e conquistar a vaga olímpica.

Quanto tempo você acha que vai demorar pra cair a ficha de que, agora, você é uma atleta olímpica?

Pra ser sincera, a ficha ainda não caiu. Foram muitos anos de treino e muito tempo sonhando com isso. E já chegou a competição, já passou a competição e a gente conseguiu a vaga e, agora, a gente precisa se preparar para a Olimpíada. E, assim, quando cair a ficha, eu tenho certeza que eu vou dar o meu melhor pra representar o Brasil em Paris/2024.

Foto: Ricardo Bufolin/CBG
Sofia com a bola durante treino da seleção brasileira de conjunto no Campeonato Mundial de Valencia

Vocês ficaram fora do pódio por uma questão de critério de desempate somente. Depois dos resultados desta temporada, mudou a forma como as adversárias — e a arbitragem — veem o Brasil na GR?

Com certeza, sim. O mundo agora enxerga o Brasil de outra forma porque estamos no topo do mundo na ginástica rítmica. Conseguimos elevar o patamar da ginástica rítmica pro topo e todos olham de uma forma diferente. Porque, querendo ou não, agora somos uma ameaça a todos eles. E isso é incrível! Fizemos história para o Brasil!

“O mundo agora enxerga o Brasil de outra forma porque estamos no topo do mundo na ginástica rítmica. Conseguimos elevar o patamar da ginástica rítmica pro topo e todos olham de uma forma diferente”, Sofia Madeira

Qual é o seu próximo maior sonho na GR?

O próximo sonho, agora que a gente já tem as vagas nos nossos nomes, é fazer a melhor campanha da ginástica rítmica em uma Olimpíada! Se Deus quiser, pegaremos uma final olímpica e uma medalha que vai entrar pra história!

Você, Deborah Medrado e a Jojô Santos representam uma história super vencedora da GR no Espírito Santo. Quem foram as suas referências aqui no Estado?

Eu me orgulho muito de ser do Espírito Santo porque é a casa de onde saem muitos atletas de alto rendimento que representam o Brasil em competições incríveis. Tenho como referências a Francielly (Machado) e a Emanuelle (Lima), que foram ginastas nos Jogos do Rio/2016, que treinavam no mesmo clube que eu, com a mesma técnica (Gizela Batista). Então, tenho elas como referência. E também a Natalia Gaudio, que é do Estado, competiu numa Olimpíada (Rio/2016) e representou muito bem o Brasil em competições internacionais.

Quem é a Sofia Madeira fora das quadras?

Eu sou uma menina muito tranquila, muito família, que representa o amor, que representa a união, que ama ficar com quem ama, com quem faz quem ama feliz. Que é muito alegre, divertida, engraçada. E que ama a ginástica rítmica, além de tudo!

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