Com tradição não se brinca. Sofia Madeira sabe disso e tem representado com louvor a tradição da ginástica rítmica capixaba, que há décadas abastece a seleção brasileira da modalidade com atletas e treinadores do mais alto nível. A atual geração, com Sofia e Deborah Medrado na seleção de conjunto e Geovanna Santos no individual, foi além. E ajudou a mudar o patamar da ginástica rítmica (GR) brasileira diante do restante do mundo.
O quarto lugar do conjunto brasileiro na final dos arcos no Campeonato Mundial de Valencia, encerrado no domingo (27), na Espanha, com a mesma pontuação da terceira colocada Itália, 35.850, mas uma posição atrás somente nos critérios de desempate, significa um recado bem claro às adversárias. O Brasil chegou e quer mais.
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“Querendo ou não, agora somos uma ameaça a todas elas. E isso é incrível! Fizemos história para o Brasil!”, destaca Sofia.
Mas não foi somente o conjunto brasileiro que mudou de patamar. A própria Sofia tem uma mudança bastante significativa. Afinal, a partir de agora, ela é uma atleta olímpica, já que a campanha do Brasil no Mundial de Valencia, com o sexto lugar na classificação geral, valeu a classificação para os Jogos de Paris/2024.
A capixaba de 19 anos, ginasta do Incesp, conversou com a reportagem do Folha Vitória pouco antes de embarcar para a viagem de volta ao Brasil. E surpreendeu ao revelar que, por pouco, a ginástica rítmica não a perdeu para uma outra modalidade: o futsal.
“Logo que eu conheci o esporte, eu ficava entre futsal e ginástica, quando era bem novinha. E eu optei pela ginástica. Lembro que desde a minha segunda competição, por aí, eu tinha o sonho de ir para uma Olimpíada”, contou.
FOLHA VITÓRIA — Para a maioria das pessoas, vocês são super jovens. Mas a verdade é que vocês começam muito cedo na ginástica, passam muito cedo por vários desafios e precisam amadurecer mais rápido do que as meninas da mesma idade. Ao atingir um objetivo tão incrível como a classificação olímpica e essa campanha no Mundial, qual é o filme que passa na sua cabeça?
SOFIA MADEIRA — Passa um filme na minha cabeça porque, logo que eu conheci o esporte, eu ficava entre futsal e ginástica, quando era bem novinha. E eu optei pela ginástica. Lembro que desde a minha segunda competição, por aí, eu tinha o sonho de ir para uma Olimpíada. Foi muito tempo de trabalho, foram muitos anos treinando no Espírito Santo. E aí veio a convocação em 2018 para ir para a seleção brasileira, mas não passei na seletiva. Em 2021, eu fui chamada novamente, mas estava com uma lesão no pé. Mas, graças a Deus, deu tudo certo, me recuperei dessa lesão e tive agora a oportunidade de de representar o País no Campeonato Mundial e conquistar a vaga olímpica.
Quanto tempo você acha que vai demorar pra cair a ficha de que, agora, você é uma atleta olímpica?
Pra ser sincera, a ficha ainda não caiu. Foram muitos anos de treino e muito tempo sonhando com isso. E já chegou a competição, já passou a competição e a gente conseguiu a vaga e, agora, a gente precisa se preparar para a Olimpíada. E, assim, quando cair a ficha, eu tenho certeza que eu vou dar o meu melhor pra representar o Brasil em Paris/2024.
Vocês ficaram fora do pódio por uma questão de critério de desempate somente. Depois dos resultados desta temporada, mudou a forma como as adversárias — e a arbitragem — veem o Brasil na GR?
Com certeza, sim. O mundo agora enxerga o Brasil de outra forma porque estamos no topo do mundo na ginástica rítmica. Conseguimos elevar o patamar da ginástica rítmica pro topo e todos olham de uma forma diferente. Porque, querendo ou não, agora somos uma ameaça a todos eles. E isso é incrível! Fizemos história para o Brasil!
“O mundo agora enxerga o Brasil de outra forma porque estamos no topo do mundo na ginástica rítmica. Conseguimos elevar o patamar da ginástica rítmica pro topo e todos olham de uma forma diferente”, Sofia Madeira
Qual é o seu próximo maior sonho na GR?
O próximo sonho, agora que a gente já tem as vagas nos nossos nomes, é fazer a melhor campanha da ginástica rítmica em uma Olimpíada! Se Deus quiser, pegaremos uma final olímpica e uma medalha que vai entrar pra história!
Você, Deborah Medrado e a Jojô Santos representam uma história super vencedora da GR no Espírito Santo. Quem foram as suas referências aqui no Estado?
Eu me orgulho muito de ser do Espírito Santo porque é a casa de onde saem muitos atletas de alto rendimento que representam o Brasil em competições incríveis. Tenho como referências a Francielly (Machado) e a Emanuelle (Lima), que foram ginastas nos Jogos do Rio/2016, que treinavam no mesmo clube que eu, com a mesma técnica (Gizela Batista). Então, tenho elas como referência. E também a Natalia Gaudio, que é do Estado, competiu numa Olimpíada (Rio/2016) e representou muito bem o Brasil em competições internacionais.
Quem é a Sofia Madeira fora das quadras?
Eu sou uma menina muito tranquila, muito família, que representa o amor, que representa a união, que ama ficar com quem ama, com quem faz quem ama feliz. Que é muito alegre, divertida, engraçada. E que ama a ginástica rítmica, além de tudo!
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