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Superlotação, o abraço de Paulinho no torcedor e Muricy reverenciado por Pelé

Inaugurado em 27 de abril de 1940, com desfiles, discursos e a presença de autoridades, incluindo o então presidente Getúlio Vargas, o Pacaembu foi palco de momentos marcantes da cidade e dos seus clubes, mas vivenciou feitos que ultrapassaram os limites territoriais paulistas.

Logo no dia seguinte da sua abertura, recebeu os seus primeiros jogos, a goleada do então Palestra Itália (hoje Palmeiras) por 6 a 2 sobre o Coritiba, seguido pelo triunfo do Corinthians por 4 a 2 diante do Atlético-MG. Foi o início da trajetória do estádio, que apenas dois anos depois receberia seu maior público, hoje inimagináveis 71.281 torcedores para ver o empate do São Paulo, de Leônidas, por 3 a 3 com o Corinthians.

A grande presença nas arquibancadas seria um dos marcos do estádio, como no “Jogo da Lama”, aquele em que o Palmeiras evitou o tricampeonato estadual do rival tricolor em 1950, foi campeão e se classificou para a Copa Rio de 1951, conquista que teve parte da sua campanha realizada no Pacaembu. “Tinha gente pendurada até nas marquises. Nos alto-falantes, pediam para as pessoas descerem. Mas não havia espaço”, relembra o jornalista José Maria de Aquino.

A Copa Rio seria apenas um dos jogos internacionais realizados no Pacaembu, que um ano antes havia recebido seis partidas da Copa do Mundo de 1950. Já em 1957, o Honved, o lendário time de Puskàs e base da seleção húngara vice-campeã mundial em 1954, fez 6 a 4 no Flamengo. O amistoso foi realizado com os portões abertos. “Todo mundo queria ver o Puskàs. Chegou a estar 6 a 1, mas tiraram o pé”, relembra Aquino.

Também foi no Pacaembu que o Santos de Pelé exibiu o talento do maior esquadrão do futebol brasileiro, levando o Rei a ser o maior artilheiro da história do estádio, com 115 gols. Nem por isso deixou de sofrer derrotas marcantes lá, como a de 1963, para o São Paulo por 4 a 1, no clássico que ficou conhecido como jogo do cai-cai. O Santos teve dois expulsos, incluindo Pelé, e teria simulado três lesões, o que levou ao término do jogo nos primeiro minutos do segundo tempo. “Todo mundo percebeu que o Santos não queria jogo”, relata o jornalista.

Na atual década, o Pacaembu foi palco da conquista do título da Libertadores pelos dois alvinegros paulistas. Em 2011, o Santos de Neymar venceu o Peñarol na decisão e, em uma união de gerações, viu o técnico Muricy Ramalho desfilar pelo estádio ao lado de Pelé, campeão continental duas vezes pelo clube e que ergueu o braço direito do treinador durante a celebração. “Eu jamais imaginava o Pelé entrar em campo e dar a volta olímpica. Ele me abraçou e me levou para a torcida”, relembrou o treinador.

Um ano depois, seria a vez de o Corinthians ser campeão da Libertadores no estádio, diante do Boca Juniors. Os momentos mais dramáticos da conquista vieram semanas antes, nas quartas de final, diante do Vasco, e que terminaram com a comunhão representada pelo abraço no alambrado entre Paulinho, na comemoração do seu gol, e o torcedor Lucas Perassollo.

“Tinha ido ao banheiro. Na volta, aproveitei e fui para a grade xingar o Alessandro. Quando fui voltar para o meu lugar, o Paulinho fez o gol e subi no alambrado para comemorar. E ele também”, relembra Lucas, que repetiria o gesto na decisão. “O Paulinho me viu comemorando na grade, subi no alambrado e ele tentou me puxar para o campo, mas os policiais não deixaram”.

Além de glórias paulistas, como a Taça Brasil de 1960, o Robertão de 1967, o Brasileirão de 1994 do Palmeiras, a Taça de Brasil de 1961 do Santos, e o Brasileirão de 2011 do Corinthians, o Pacaembu viu o Cruzeiro de Tostão ser campeão da Taça Brasil em 1966 e o Botafogo levar o Brasileirão de 1995, além de ter recebido recentemente um Fla-Flu. Lá, o Peñarol faturou a Libertadores em 1961 e o Olímpia em 2002. Também teve placares históricos, como os 7 a 6 do Santos sobre o Palmeiras em 1958 ou os 7 a 1 do Corinthians diante do Santos em 2005 e os 7 a 2 da Portuguesa contra o São Paulo em 1998.