Além das cores de suas camisas, Corinthians e Santos têm uma peculiaridade em comum: a principal novidade de ambos para a temporada de 2020 está à beira do campo, e não dentro dele. Cada qual a seu modo, e por diferentes razões, Tiago Nunes e Jesualdo Ferreira chegaram para mudar o que foi feito no ano passado em seus clubes e o clássico deste domingo entre os alvinegros, às 11h, na Arena Corinthians, será o primeiro grande teste para esses treinadores, que terão uma ótima oportunidade para descobrir se estão no caminho certo.
Tiago Nunes foi contratado pelo Corinthians com uma missão clara: acabar com a cultura de futebol defensivo que dominou o clube por mais de uma década e se mostrou esgotada em 2019. Ele parece o homem certo para a tarefa, já que o seu Athletico-PR brilhou nas duas últimas temporadas com um jogo dinâmico e agressivo. Por enquanto, o time alvinegro ainda patina no Campeonato Paulista, mas os sinais da mudança são claros.
Na quinta-feira, o Corinthians perdeu para a Ponte Preta por 2 a 1, mas o técnico gostou do que viu. Apesar dos problemas típicos de início de temporada no Brasil, como a condição física ruim, Tiago acredita que sua equipe foi dominante e só saiu do Moisés Lucarelli com a derrota porque desperdiçou muitas oportunidades de gol. “Tivemos coisas boas no jogo, principalmente o volume de chances criadas. Tenho confiança de que vamos continuar crescendo”, disse o treinador.
No outro alvinegro, Jesualdo Ferreira também está em uma missão transformadora, mas por motivos diferentes. O Santos foi muito bem no ano passado sob o comando do argentino Jorge Sampaoli, com seu futebol intenso e ofensivo, mas ele foi embora e era muito difícil contratar um treinador com as mesmas características. Embora não seja nenhum retranqueiro, o português tem um estilo mais prudente do que o de Sampaoli, e é claro que a equipe sofre neste início de temporada para se adaptar.
Ainda assim, Jesualdo vê progressos em seu trabalho. Também na quinta, o Santos venceu a Inter de Limeira por 2 a 0 e deixou o treinador com a sensação de que o time começa a se parecer com o que ele deseja. “A equipe começa a entender o estilo de jogo. Eu tive tempo para pensar e eles (os jogadores) estão conseguindo pegar o objetivo”, comentou o português.
PROBLEMAS – Corinthians e Santos vão disputar o clássico menos de 72 horas depois de seus compromissos anteriores no Paulista, o que pode prejudicar a qualidade da partida – assim como o calor, por causa do horário. Como o time paulistano vai estrear na quarta-feira na fase classificatória da Copa Libertadores, contra o Guaraní, no Paraguai, é possível que sua torcida veja uma formação diferente da que atuou nas primeiras rodadas do torneio estadual.
Tiago Nunes declarou após a derrota para a Ponte que não gosta de usar time reserva, mas vai poupar quem não estiver em boas condições. O colombiano Cantillo, que estreou em Campinas saindo do banco de reservas e atuou bem, deve ser titular. Uma mudança obrigatória é a saída de Ramiro, que sofreu uma lesão no joelho direito – o principal candidato a substituí-lo é o jovem Madson.
No Santos, a principal novidade será o venezuelano Yeferson Soteldo, que encerrou sua participação no Torneio Pré-Olímpico na noite de quinta-feira. É possível, porém, que o atacante fique no banco de reservas. Marinho, com uma lesão no pé esquerdo, continua fora da equipe.