Se um é pouco e dois é bom, três nunca é demais! Pelo menos para Casé. Do alto dos seus 2,03m de altura, o gigante de Goiabeiras conquistou, no início de setembro, o título do Mundial de Basquete Master em Córdoba, na Argentina.
Foi o terceiro título mundial da carreira deste capixaba que não passa despercebido, seja pelo tamanho ou pelo sorriso carismático.
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O primeiro veio em 2012, na Grécia, pela seleção brasileira master na categoria acima de 35 anos. Em 2019, ele voltou a ser campeão do mundo, dessa vez na disputa do basquete 3×3 em Cancún, no México. E em 2023, na Argentina, conquista o mundo pela terceira vez, agora na categoria acima de 45 anos. Melhor ainda: o ala/pivô recebeu o prêmio de MVP (melhor jogador) da final, disputada contra a Argentina.
“Eu brinco que ganhar da Argentina é bom, mas ganhar da Argentina na casa deles é melhor ainda”, comemora o craque: “Esse título foi um divisor de águas”.
Junto com Casé, defenderam a seleção brasileira: Augusto Barbosa, Marcel Mourão, Ygor Klemensov, Fernando Coloneze, Kidão, Douglas Motta, Walldson Tenório, Diego Senger e Fabio Sapão.
A decisão foi na terra do craque Manu Ginóbilli, um dos maiores nomes da história do basquete argentino e mundial. “Foi um caldeirão, com todo mundo em cima, pressão. Eles tentaram catimbar, mas nosso time tava muito concentrado e não caiu nessa”, lembrou.
Sabor diferente
“Essa conquista teve um sabor diferente”, conta Casé, 46 anos, revelado pelo Saldanha da Gama e com extensa carreira no basquete profissional e, depois, no master, tanto na modalidade tradicional como no basquete 3×3.
O “sabor diferente”, no entanto, não significa que tudo foi perfeito. Pelo contrário! Casé chegou a desistir de viajar para a Argentina, mas acabou mudando de ideia a poucos dias da competição.
“Cheguei a desistir de ir. Sem apoio, eu precisei fazer vaquinha pra custear passagens, hospedagem, alimentação, uniformes e até a inscrição, que era em dólar”, contou o campeão, que contou em cima da hora com a ajuda de amigos para conseguir defender o Brasil na competição:
“Eu não tinha conseguido o valor com a vaquinha e tinha desistido. Mas um amigo ajudou com as passagens, outro com a hospedagem, outro com o seguro… Com o dinheiro da vaquinha eu consegui bancar o uniforme e a alimentação. E só assim foi possível viajar”.
Desabafo
Na Argentina, mais perrengue com o frio de 2ºC logo na chegada.
“Cheguei lá e tava um frio intenso. E eu ainda fiquei sem internet, praticamente incomunicável. Também não pude me preparar direito para o campeonato por causa de toda a indefinição e viajei com lesão no joelho esquerdo. Contra o Chile, na semifinal, foi na superação! Marquei um cara muito grande e bem mais pesado do que eu, o Alex Blackwell, que já esteve na NBA. No outro dia, eu estava só o bagaço. Mas na final eu esqueci a dor e os perrengues e fui agraciado como o MVP”, contou Casé.
O perrengue virou desabafo nas redes sociais, com o que ele chamou de falta de apoio da iniciativa pública e privada. Que ele explica: “Precisava de tudo isso pra ser campeão do mundo? Sem ajuda, sem apoio? Todos os outros jogadores se prepararam com tranquilidade e chegaram bem lá. Eu fui o único que tive essa dificuldade toda. Acho um absurdo o que acontece com o esporte no Espírito Santo. Hoje sirvo de exemplo para vários jovens, para meus alunos no projeto social. Não vou desistir. Vou continuar acreditando”.
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