Se você chegar perto da galera da canoa havaiana e perguntar pela Patrícia, provavelmente ninguém vai saber quem é. Agora, se você perguntar pela “Leoa”, aí a situação muda completamente de figura. E não é à toa. Patrícia Kruger carrega o apelido “Leoa” desde os tempos de capoeira. E continua fazendo jus ao codinome, mas agora na canoa. “Sempre fui uma mulher forte e a capoeira me lapidou”, conta.
>> Quer receber nossas notícias de Esportes 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!
No Campeonato Pan-Americano de Va’a, encerrado no sábado (25) na Curva de Jurema, em Vitória, ela mostrou, mais uma vez, garra, disposição e força para conquistar três medalhas na competição, em duas categorias de idade diferentes. A Leoa foi ouro na OC6 40+, remando pela equipe Maranata Va’a, e ouro na V3 50+, pelo time Keala Va’a. E ainda foi medalha de prata na OC6 50+ com a equipe Lokahi Va’a.
“Esse Pan foi sensacional! Tive um aproveitamento de 100%! Teve a ansiedade de ser aqui no Brasil e de ser exatamente em Vitória, na raia onde treino, de ter meus alunos, amigos e família torcendo. Surge um pouco de insegurança, dá aquele gelo na barriga, mas foi somente até as largadas, porque depois tudo foi incrível”, comemora Leoa, 53 anos “de pura potência”, como ela mesmo diz.
As três medalhas na Curva da Jurema não foram as únicas da capixaba em Campeonatos Pan-Americanos. Ela também subiu ao pódio nas edições de Japa Nui, com dois ouros (V1 40+ e OC6 40+), e Coquinho, no Chile, com um ouro na V1 50+ e uma prata na OC6 50+.
LEIA TAMBÉM: É do Brasil!!! Brasileiros dominam o pódio no Pan de Canoa Havaiana
Paixão instantânea pela canoa
Com mais de 30 anos de capoeira, Patrícia conheceu a canoa havaiana em 2014, ao aceitar um convite para experimentar a modalidade. Chegou lá ressabiada, sem dar muita bola para a canoa. Mas saiu do mar transformada.
“Tudo começou com um convite, no começo de 2014, pra acordar cedo, ir para água fria aqui do Estado. Não achei que iria me apaixonar, mas foi instantâneo! É a magia desse esporte! Ele foi o melhor esporte que eu poderia ter, já sendo uma mulher da categoria master. Ele te traz valores únicos, traz força não só física, mas mental. Não sei explicar o que realmente sinto quando eu remo, é mágico”, conta Leoa, que começou a competir, se desenvolveu na modalidade e chegou ao Pan convocada pelo clube Vitória Va’a.
De aluna, hoje ela é instrutora e tem o seu próprio clube de canoa havaiana na Praia da Sereia, em Vila Velha, o Tangaroa Va’a.
“Eu abri minha base de canoa tem pouco tempo, um ano apenas. Inicialmente, sempre ajudei nas aulas do clube onde aprendi e pelo qual competi e fui campeã muitas vezes, o Vitória Va’a. E como uma coisa puxa a outra, eu quis voltar para Vila Velha. Estou me reinventando, sempre fui atleta, ajudava nas aulas, mas hoje tenho uma responsabilidade diferente porque a canoa vai para o mar e exige de você muita prudência”, explica a campeã pan-americana, que já sentiu na semana pós-competição uma mudança de comportamento dos alunos:
“O Pan foi e será um marco na minha vida. Esta semana foi de empolgação dos alunos querendo ver as medalhas, querendo saber de tudo! O Pan foi pra eles”.
Canoísta olímpico como mentor
Leoa é hoje fonte de inspiração para remadores mais jovens do Espírito Santo. Mas ela também tem suas referências. Entre elas, um argentino naturalizado brasileiro que fez história no esporte olímpico do Brasil.
Sebastián Cuattrin, primeiro brasileiro a participar de um Campeonato Mundial de Canoagem (1989), primeiro a disputar uma prova de canoagem nos Jogos Pan-americanos (1991) e também o primeiro brasileiro da canoagem a disputar uma edição dos Jogos Olímpicos (em Barcelona/1992).
“É meu treinador. Ele me treina há sete anos e, se eu tenho esse pique, essa força, determinação e até controle emocional, eu devo muito a ele”, agradece.