Colatina, localizada no noroeste do Espírito Santo e conhecida por seu clima quente, está se destacando por uma iniciativa inusitada: o cultivo de morangos. No distrito de São Pedro Frio, a cerca de 40 km do centro da cidade, agricultores estão desafiando o clima tradicionalmente adverso para essa fruta, que prefere temperaturas mais amenas. Por conta de um projeto do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a região está diversificando sua produção, tradicionalmente voltada ao café, e obtendo bons resultados com a cultura do morango.
Produtores estão investindo na diversificação nas propriedades
São Pedro Frio já contribui para as 30 mil toneladas de morangos produzidas anualmente no Espírito Santo. Embora municípios como Santa Maria de Jetibá, Domingos Martins, Castelo, Venda Nova do Imigrante e Afonso Cláudio liderem a produção da fruta no estado, o distrito colatinense tem ganhado destaque. O agricultor Braz Bolsoni é um exemplo de quem apostou na diversificação. Antes, sua propriedade produzia café, uva, banana, pimentão e eucalipto. Hoje, ele também cultiva morangos no distrito, situado a 600 metros acima do nível do mar, em uma área considerada montanhosa e apelidada de “Suíça Colatinense”. “No início, eu não acreditava que conseguiria colher morangos aqui”, confessou Braz. Porém, com o incentivo do projeto do Incaper, ele viu o potencial da fruta na região. Em 2022, começou o cultivo no solo e, posteriormente, expandiu para estufas, o que tem gerado resultados positivos. Pesquisa e inovação no cultivo O projeto do Incaper está testando variedades de morango na região para identificar as mais adaptadas. “Nessa propriedade trabalhamos com quatro variedades originárias dos Estados Unidos: Monterey, Albion, San Andreas e Florida Beauty. Todas elas são de dias neutros, ou seja, precisam de menos frio para florescer e produzir. Estamos avaliando qual produz mais, qual é mais resistente a pragas e doenças e qual apresenta melhor doçura para o mercado”, explicou Anderson Marim, engenheiro agrônomo do Incaper. Além disso, a escolha entre cultivo em estufas ou no solo depende das condições de cada propriedade e dos objetivos do agricultor. No entanto, Anderson destaca que o cultivo de morangos exige atenção redobrada. “Os produtores aqui estão acostumados com o café, que demanda menos cuidados em comparação ao morango, uma cultura mais sensível e exigente”, afirmou. Adaptação surpreendente A pesquisa do Incaper continua avançando, e os resultados têm sido promissores. Segundo Marim, o projeto busca expandir o cultivo do morango para regiões com aptidão, mas que até então não exploravam essa cultura. “Estamos ampliando fronteiras e levando o morango para novas áreas. Os resultados têm surpreendido, com a fruta se adaptando muito bem”, concluiu.