Em atividade desde 1985, a Alcon, indústria que transforma cana-de-açúcar em álcool e açúcar refinado, de Conceição da Barra, município do norte do Espírito Santo, concluiu um investimento de R$ 20 milhões para ampliar a produção de açúcar a partir deste ano. Devido a condições favoráveis do mercado de açúcar — diferente do caso do etanol, que se tornou pouco viável economicamente — a empresa vai aumentar em 20% a produção de açúcar por ano, passando de 150 mil toneladas para cerca de 180 mil toneladas — o que seria suficiente para produzir 90 milhões de sacos de 2kg de açúcar. Em 2022, a Alcon faturou R$ 552 milhões, e espera crescer 30% neste ano.
Alcon vai processar 2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra
Para expandir a produção de açúcar, a Alcon finalizou na semana passada um investimento de R$ 20 milhões em novos maquinários. Eles vão permitir à indústria ampliar o processamento de cana-de-açúcar de 1,7 milhão de toneladas por safra para aproximadamente 2 milhões de toneladas. Com essa expansão a produção de açúcar deve saltar 20%, de 150 mil toneladas por safra para 180 mil toneladas. Isso é suficiente para saltar de uma produção que conseguiria fazer 72 milhões de sacos de 2kg de açúcar para 90 milhões (!) de sacos. A produção de etanol vai permanecer em torno de 80 milhões de litros por safra. “O mercado atualmente está mais favorável para a produção de açúcar do que etanol, por conta da dinâmica do preço dos combustíveis”, argumenta Nerzy Dalla Bernardina Júnior, sócio da Alcon. Hoje, 60% do principal insumo da Alcon vem de fazendas próprias, que somam 36 mil hectares no Espírito Santo. A empresa investe para que todo o plantio e colheita da cana sejam mecanizados. Outros 40% do insumo vem de 250 produtores do Norte do estado. Além de comercializar etanol e açúcar a partir da cana, a Alcon gera receita a partir de usina termelétrica de 42 MWh que utiliza como combustível o bagaço da planta. Parte da energia é destinada para consumo próprio e outra parte é destinada ao mercado capixaba. A potência dessa planta sozinha seria capaz de abastecer as cidades de Conceição da Barra, São Mateus, Pinheiros e Pedro Canário. Além do bagaço da cana, outros subprodutos da fermentação do álcool também são utilizados como adubo para canaviais e vendidos para fábricas de ração animal. “É uma indústria sustentável, onde quase nada é desperdiçado”, pondera Nerzy. “Abastecemos nossa frota com etanol próprio e geramos energia a partir do bagaço da cana, portanto temos uma matriz energética limpa e renovável”, acrescenta o sócio da Alcon. No futuro, outro investimento da Alcon mirando a sustentabilidade é adquirir compressores para capturar do gás carbônico emitido na fermentação do álcool e transformá-lo para vender para outras indústrias. Por conta da grande captura de carbono da atmosfera nas plantações de cana, a Alcon gera créditos de carbono– a representação de uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida ou foi capturada. A Alcon é a maior empregadora de Conceição da Barra, no Norte do Espírito Santo, com dois mil funcionários diretos e indiretos e fechou 2022 com uma receita de R$ 552 milhões. Com esses novos investimentos e ampliações, a expectativa é faturar 30% a mais neste ano. Segundo a Findes, em 2022 a Alcon figurava entre as 50 maiores empresas e grupos empresariais do estado, além de ser uma das mais lucrativas.