Por Ricardo Frizera | Ao longo dos últimos anos as mulheres têm assumido seu protagonismo no mundo corporativo, quebrando pré-conceitos e rótulos sobre suas competências profissionais. Mas as conquistas não anulam o quanto ainda precisamos evoluir e discutir o assunto dentro das empresas. No artigo a seguir, Elaisa Bagatelli, diretora da Verta Gestão, Samanta Pineda, professora da FGV e advogada e Julia Bastos, advogada e empresária, discutem os avanços das mulheres e os desafios ainda a serem superados no mundo empresarial. Para receber conteúdos exclusivos, nos acompanhe no Instagram e no WhatsApp.
Empresas com lideranças femininas são comprovadamente mais produtivas
Por Júlia Bastos | A verdade é que a ascensão das lideranças femininas e seu forte desempenho pode ser surpreendente para os homens, que por tanto tempo tiveram a hegemonia dos ambientes públicos. Recentemente, a XP Inc. anunciou uma meta de ter pelo menos 50% de mulheres em seu quadro de funcionários em todos os níveis hierárquicos até 2025. Além de ser uma política institucional afirmativa, a medida provavelmente irá beneficiar a produtividade da empresa. O Fundo Monetário Internacional (FMI) constatou que empresas europeias com maior diversidade de gênero em cargos de liderança está diretamente associado à maior rentabilidade das instituições. Termos mulheres líderes é simbólico para todo o universo feminino. É a tal da representatividade. Ter outras mulheres que sejam referências em cargos de poder cria no subjetivo de todas as outras que é possível chegar lá. Mas, para além do imaginar, mulheres que ocupam cargos elevados em ambientes corporativos e públicos geram impactos objetivos diretos na sociedade. Nesses ambientes, outras mulheres em cargos inferiores terão mais liberdade de atuação e de inovação, se sentirão mais parte, e terão em quem se espelhar e em quem confiar suas dores.
“Líderes empresariais devem quebrar ciclo de discriminação contra mulheres”
A representatividade feminina é um assunto tanto corporativo quanto social, defende Elaisa Bagatelli, diretora da Verta Gestão. Uma pesquisa do Instituto Insper e divulgada pelo Valor Econômico, indicou que, em 2019, apenas 13% das empresas brasileiras têm CEOs mulheres e, em posições de diretoria, somente 26%. Para Elaisa, esses números revelam que as mulheres ainda são minoria em representatividade na gestão das empresas, mesmo com pesquisas que apontam para a relação entre diversidade de gênero em cargos de liderança e maior resultado. “Nesse cenário, o feminismo corporativo precisa discutir, em especial, as relações profissionais sob os aspectos de respeito e igualdade, principalmente na liderança de equipes”, afirma. A diretora da Verta Gestão ainda analisa que existem nas empresas comportamentos prejudiciais à convivência positiva como rótulos e estereótipos que as mulheres carregam pela vida inteira e que também são transportados para a vida profissional. Como medida prática, Elaisa defende que a liderança empresarial deve quebrar esse ciclo de discriminação e promover um ambiente em que os esforços e as oportunidades sejam iguais. “Precisamos de muito mais esforço para provar nossa capacidade intelectual e capacidade para realizar qualquer trabalho ou conquistar altos cargos.” Já Samanta Pineda, professora da FGV e colaboradora na frente parlamentar de agropecuária no Congresso Nacional, acredita que “muitas atitudes e gestos de preconceito são praticados sem se perceba, tal estes comportamentos estão inseridos em nossa cultura.” Ela exemplifica isso na política e no setor agropecuário, sua área de atuação. “Nas casas legislativas, apesar de sermos a maioria das eleitoras no Brasil, ocupamos a 152ª posição em 192 países avaliados, em representatividade feminina na Câmara dos Deputados”, argumenta. Samanta destaca ainda que o censo agropecuário de 2017 apontou que das 5,07 milhões de propriedades rurais do país, apenas 19% têm mulheres como proprietárias. “Em alguns locais, ainda vejo áreas rurais serem divididas somente entre os filhos homens, excluindo-se as mulheres da família”, lamenta. Nesse sentido, a professora da FGV conclui que “é necessário e urgente manter a discussão em todos os níveis para que as sutilezas de comportamentos culturalmente aceitos, mas claramente discriminatórios, sejam identificadas e combatidas”.
Mulher, liderança e representatividade
No dia 06/08 (quinta) às 19h a FASS Advogados promove em seu canal no Youtube uma live sobre o protagonismo da liderança feminina. Inscreva-se pelo link https://www.youtube.com/channel/UCfmBXTQZcL-_cKAZ0n6Gc5A
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