Comunidades indígenas bloquearam a ferrovia Vitória Minas que liga João Neiva aos acessos aos portos de Aracruz, no norte do Espírito Santo. Os indígenas alegam que não concordam com a negociação com a mineradora Vale em relação à indenização pelo rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais. A linha férrea está bloqueada desde 17 de setembro por indígenas e segue interditada até esta quinta-feira (28). Os bloqueios afetam o escoamento de cargas, insumos e matérias-primas apesar de uma liminar emitida pela Justiça Federal ter ordenado a desobstrução da ferrovia, mas os manifestantes ainda não a cumpriram.
Empresas que atuam na região estão buscando alternativas fora do ES
Nos últimos 12 meses, os bloqueios em rodovias e ferrovias no Espírito Santo durante manifestações resultaram em prejuízos estimados de R$ 25 milhões. Esta não é a primeira vez que a ferrovia é obstruída por diversos motivos, muitos casos desobedecendo ordens judiciais. Uma das últimas paralisações, realizada por indígenas, na região bloqueou as rodovias da região e impediram o tráfego de veículos pertencentes a indústrias locais. Daquela vez, os protestos surgiram por conta da demarcação de territórios indígenas ter sido tema do Supremo Tribunal Federal (STF). Desta vez, os indígenas protestam contra as negociações com a mineradora Vale, alegando discordância em relação à indenização pelo rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais. Empresas como Cenibra, LD Celulose, Suzano, ArcelorMittal são algumas das companhias que mais utilizam o ramal ferroviário para escoar os produtos. Algumas delas, como a Cenibra e a LD Celulose, já estão buscando alternativas no Porto de Santos, em São Paulo. “Empresas já estão pedindo reuniões para demonstrar as suas insatisfações com o que está acontecendo em Aracruz. A área portuária da região está completamente comprometida e empresas que atuam no local já apresentaram alternativas para sair do Espírito Santo e passar a atuar no Porto de Santos”, destacou a presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cristhine Samorini. Segundo Samorini, as ações das comunidades indígenas trazem repercussões negativas na economia e na imagem do Espírito Santo. “A forma como está ocorrendo a obstrução descredibiliza o estado e afasta investidores, indo na contramão do diálogo republicano. Os impactos vão além da cadeia de suprimentos, insumos, abastecimento, logística e escoamento de cargas. Além disso, acordos internacionais estão comprometidos com esses bloqueios”. Os bloqueios têm trazido complicações para o escoamento de produtos no Espírito Santo. No caso das ferrovias, bloqueadas desde 17 de setembro, trazem consequências no aumento dos custos operacionais e causam lentidão nas operações portuárias. O município de Aracruz está localizado na área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), além de ter infraestrutura logística, com ferrovias, portos e rodovias. Recentemente, a região foi escolhida para abrigar a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada do país. O polo industrial dedicado à exportação será instalado em Barra do Riacho, a 13 quilômetros dos portos da região.