O Brasil exportou 3,977 milhões de sacas de café em janeiro de 2025, uma queda de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando embarcou 4,042 milhões de sacas. Apesar da redução no volume, a receita disparou 59,9%, passando de US$ 823 milhões para US$ 1,316 bilhão, segundo o relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
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Exportações de café somam 3,977 milhões de sacas em janeiro
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, avalia que, mesmo com a entressafra e os gargalos logísticos, o setor teve um bom desempenho em janeiro. “O incremento na receita cambial, na casa dos 60%, ratifica o efeito das altas dos preços que já vem desde longo período”, disse.
O café arábica liderou as exportações, com 3,278 milhões de sacas enviadas ao exterior, o que representa 82,4% do total embarcado. Esse volume caiu 0,3% em relação a janeiro de 2024.
Na segunda posição, os cafés canéforas (conilon + robusta) registraram uma queda expressiva de 28,9%. O Brasil exportou 328.074 sacas dessa variedade, o que corresponde a 8,3% do total.
O café solúvel avançou 24,8%, totalizando 365.598 sacas e representando 9,2% das exportações. Já o café torrado e moído teve um salto de 156,6%, com 4.968 sacas enviadas ao exterior, embora sua participação no total tenha sido de apenas 0,1%.
“Os cafés industrializados puxaram a fila do bom desempenho em janeiro. Todavia, não podemos deixar de notar a redução no volume dos canéforas, que foi motivada, principalmente, pelo fato de o café concorrente do Vietnã, desde a entrada da safra, em novembro, ter se tornado bem mais competitivo em termos de preço. Esse movimento deve continuar nos próximos meses, no mínimo, até a colheita da safra nacional de conilon e robusta, em maio”, comenta Ferreira.
Ele também destaca a leve queda no volume de arábica exportado. “Também é possível notar outras origens mais competitivas do que o Brasil, em especial no que se refere a cafés naturais finos e aos de peneiras maiores em relação aos nossos cafés semi-lavado ou cereja descascado. Essa tendência, quando falamos em volume, deve permanecer, similar ao que prevejo aos canéforas, até a entrada da próxima safra de arábica brasileira”, completa.
EUA lideram compras de café brasileiro
Os Estados Unidos foram o principal destino do café brasileiro em janeiro, importando 713.348 sacas – um crescimento de 3,1% em relação ao mesmo período de 2024.
A Alemanha ficou em segundo lugar, com 457.569 sacas, mas reduziu suas compras em 35%. Em seguida, vieram Itália, com 262.809 sacas (+31,2%); Japão, com 247.840 sacas (+15,5%); e Bélgica, com 206.283 sacas (-50,4%).
Mesmo com a maior competitividade dos cafés vietnamitas e indonésios, o Brasil ampliou suas exportações de café verde para esses países. O Vietnã comprou 51.963 sacas, um aumento de 387,2%, enquanto a Indonésia adquiriu 37.562 sacas, alta de 95,3%.
“As exportações para Vietnã e Indonésia são de contratos fechados em meados do ano passado, quando nossos conilon e robusta eram mais competitivos. Esses cafés, em verdade, já deveriam ter saído de nosso país se não fossem, principalmente, os gargalos logísticos nos portos brasileiros, que impediram o embarque de 1,8 milhão de sacas em 2024 devido a constantes atrasos de navios e alterações de escalas”, explica Ferreira. “Também a esses destinos, a tendência é de redução nos próximos meses”, conclui.
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