O complexo cafeeiro vem liderando a pauta de exportação do agronegócio capixaba nos últimos dois anos, tendo o café conilon como o carro-chefe. Só em 2024, o Espírito Santo exportou 8,4 milhões de sacas de café, tendo a Bélgica, o México e a Alemanha como principais destinos.
Para 2025, a expectativa é que o Espírito Santo produza entre 17 e 19 milhões de sacas. Com os preços do café arábica e conilon superando a marca de R$ 2.000 por saca, a atividade pode gerar um impacto de R$ 70 bilhões na economia capixaba, segundo economista. Entenda.
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“Em termos de efeitos multiplicadores diretos, indiretos e induzidos, a conta final poderá chegar aos R$ 70 bilhões”
A primeira estimativa da safra brasileira de café para 2025 aponta para uma produção total de 51,8 milhões de sacas de café beneficiado, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No Espírito Santo, segundo maior produtor nacional, devem ser produzidas entre 17 e 19 milhões de sacas em 2025, sendo cerca de 4 milhões de arábica e entre 13 e 15 milhões do conilon.
Segundo o economista e diretor econômico da Futura Inteligência, Orlando Caliman, aponta que – com os preços do café arábica e conilon superando a marca de R$ 2.000 por saca de 60 quilos – feito inédito na série iniciada em 1996 –, a atividade pode gerar um impacto de R$ 70 bilhões na economia capixaba.
“Assumindo-se um mercado favorável em demanda, preço e câmbio, a tendência mais provável, é possível estimarmos um valor bruto total a ser gerado no entorno de R$ 30 bilhões. Estudos têm indicado que para cada R$1,00 de demanda final de produção agrícola, em média, adiciona-se via efeitos de impactos o equivalente a cerca de R$ 2,45 em valor bruto a preços de mercado. Ou seja, somando todos os efeitos, a conta final poderá chegar a cerca de R$ 70 bilhões. Dinheiro que vai entrar no bolso de muita gente e animar as economias locais”, afirma Caliman.
De acordo com o economista, uma determinada atividade econômica, como a do café, normalmente gera ‘efeitos de encadeamento para trás’, representados pelas compras e pagamentos efetuados no processo de produção, como pagamentos de trabalhadores, e ‘para a frente’, com pagamentos de serviços de comercialização e de logística e posteriores processamentos.
“Em 29 anos, nunca tivemos preços tão elevados. O preço do arábica, por exemplo, já se aproxima de R$ 2.400 e o conilon também ultrapassou os R$ 2.000. Para a economia capixaba como um todo é uma boa notícia, já que estamos falando de algo em torno de 131 mil famílias em 90 mil propriedades”, completa.
Café capixaba ganhou novos mercados em 2024
O complexo cafeeiro liderou a pauta de exportações do agronegócio capixaba em 2024, chegando a US$ 2,17 bilhões – cerca de R$ 13 bilhões na cotação atual. Com o resultado, o Espírito Santo superou o Estado de São Paulo na comercialização de café, envolvendo café cru em grãos, solúvel e torrado/moído, conquistando a segunda posição no ranking nacional das exportações totais de café e derivados – atrás apenas de Minas Gerais.
De janeiro a dezembro, foram exportadas cerca de 7,6 milhões de sacas de conilon e 753,7 mil sacas de arábica. Entre os importadores do café capixaba, novos sete países integraram a lista em 2024: Belarus, Bulgária, Ilhas Cayman, Lituânia, Luxemburgo, República Tcheca e Venezuela. O destaque fica para a Bulgária, que comprou a maior quantidade, em torno de 80 toneladas. Em seguida a Lituânia, com 53 toneladas e Belarus, com 40 toneladas.
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