O preço do café no varejo aumentou 110% nos últimos quatro anos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Somente em 2024, o custo do grão para o consumidor subiu 37,4%, de acordo com dados divulgados nesta semana. A tendência de alta deve continuar: a Abic alerta que, nos próximos dois meses, o preço do café pode subir mais 25% nos supermercados.
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Clima e aumento do consumo devem manter preço do café em alta
A elevação dos preços é reflexo de safras afetadas por condições climáticas adversas desde 2021, resultando em menor produção e aumento da demanda global. Essa combinação tem pressionado os preços, e a indústria já sente o impacto. Dados da Abic indicam que os custos da indústria cresceram mais do que os repasses feitos ao consumidor, e parte desse aumento ainda deve ser transferida para o varejo ao longo do primeiro trimestre.
Entre 2021 e 2024, o custo da matéria-prima disparou 224%. Pavel Cardoso, presidente da Abic, prevê que novos repasses devem ocorrer nos próximos dois meses.
“Devemos ter um aumento adicional no preço final. A indústria não tem como evitar esse reajuste e já repassou os valores para os intermediários e consumidores finais. Então, nos próximos dois meses, devemos ver um aumento de 25%”, afirmou.
A estimativa da Conab para a safra de 2025 é de 51,8 milhões de sacas, uma queda de 4,4% em relação a 2024. O cenário é influenciado pela bienalidade baixa da cultura, além de desafios climáticos. Diante desse contexto, a Abic projeta volatilidade nos preços até a próxima safra, em 2026, quando o mercado pode se estabilizar.
Apesar da alta nos preços, o consumo de café torrado e moído no Brasil cresceu 1,1% entre 2023 e 2024, totalizando 21,9 milhões de sacas — o equivalente a 40,4% da safra do ano passado. O café segue sendo um item essencial na cesta básica e está presente em 98% dos lares brasileiros.
A Abic estima que, em 2024, o consumo médio per capita foi de 1.430 xícaras por pessoa.
O mercado interno movimentou R$ 36,82 bilhões em 2024, um crescimento de 60,85% em relação ao ano anterior (R$ 22,89 bilhões). No entanto, a maior parte da produção continua sendo destinada ao mercado externo, com mais de 60% das sacas exportadas.
Ranking de consumo
O Brasil mantém a posição de segundo maior consumidor de café do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos em volume absoluto. De acordo com a Abic, os norte-americanos consumiram 4,1 milhões de sacas a mais que os brasileiros.
No entanto, quando analisado o consumo per capita, o Brasil supera os EUA. Entre novembro de 2023 e outubro de 2024, o consumo médio anual no Brasil foi de 6,26 kg de café cru por pessoa, contra 4,9 kg nos Estados Unidos.
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