Folha Business

Com dívida de R$ 3,3 bilhões, petroleira Seacrest pede recuperação judicial

Com dívida de R$ 3,3 bilhões, petroleira Seacrest pede recuperação judicial

A Seacrest Petróleo – que explora petróleo e gás onshore (em terra) no Espírito Santo – entrou com pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo. Com uma dívida de R$ 3,3 bilhões, a companhia norueguesa busca suspender execuções de cobrança e vencimentos antecipados por 180 dias, em meio a disputas com credores, incluindo a estatal brasileira Petrobras. Entenda.

Acompanhe o Folha Business no Instagram

Decisão veio após norueguesa sofrer pedidos de execução de dívida

A decisão de recorrer à Justiça e entrar com pedido de recuperação judicial veio após a empresa sofrer pedidos de execução de dívida por parte de um ex-assessor financeiro. Também há discussões financeiras com a Petrobras, que é a maior credora da companhia: na última quarta-feira (19), a Justiça acatou recurso da estatal brasileira e derrubou a liminar que impedia a cobrança de US$ 70 milhões referente às parcelas pendentes da venda de campos no Espírito Santo.

No início de janeiro, a petroleira havia entrado com com ação no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro alegando quebra de contrato. Segundo a Seacrest, a Petrobras não teria realizado reparos em oleodutos submarinos, que estavam previstos no acordo de venda dos campos – o que a Petrobras contesta. O caso também foi levado à Câmara de Comércio Internacional (ICC).

Como noticiado pela coluna Mundo Business, a crise da Seacrest se agravou quando credores assumiram o controle da empresa ao executar uma dívida de US$ 300 milhões e substituíram a diretoria e a presidência por executivos indicados pelos bancos. À época, em um comunicado ao mercado, a petroleira disse que a decisão do grupo aconteceu “sem qualquer aviso prévio ou negociação”.

Fundada em 2019, a Seacrest tem origem norueguesa, com sede nas Bermudas e ações listadas na Bolsa de Oslo, na Noruega. No Espírito Santo, a companhia adquiriu da Petrobras os Polos Norte Capixaba e Cricaré, em 2021 e 2023, respectivamente. A companhia tinha um ambicioso plano de perfuração de 300 poços no norte do estado, com o objetivo de triplicar sua produção até 2025.

O pedido de recuperação judicial, realizado ontem (19), inclui as subsidiárias Seacrest Petróleo Norte Capixaba e Seacrest Petróleo Cricaré Bermuda, ambas no norte do Espírito Santo, além das empresas sediadas no exterior: Seacrest Urugay e Seacrest Bermuda.

Leia também:

Mercado Livre: com migração de empresas capixabas, Espírito Santo assume ranking nacional de gás natural

Com R$ 580 milhões investidos, Vports planeja aumentar movimentações do Porto de Vitória em 80% até 2029

Ricardo Frizera Colunista
Colunista
Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa.