De acordo com dados atualizados pela Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), a população do país consumiu 5,558 mil toneladas (o equivalente a 240.851 sacas de 60 kg) do produto no primeiro trimestre de 2025, representando um crescimento de 6,2% na comparação com o mesmo intervalo de 2024.
Por tipo de produto consumido, observa-se um avanço de 44,9% no freeze dried(liofilizado), para 1,013 mil toneladas, e de 0,2% no spray dried (em pó), a 4,545 mil toneladas. O consumo de todos os tipos de café solúvel importado, por sua vez, apresentou um recuo de 18%, correspondendo a apenas 167 mil kg — já incluídos no compilado total de spray e freeze dried.
Segundo Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics, diante da disparada dos preços do café ao consumidor em todo o mundo, devido à redução da oferta global ocasionada por extremos climáticos e gargalos logísticos, o solúvel se apresenta como alternativa mais econômica aos apreciadores da bebida.
Um estudo conduzido pela Abics, considerando o volume de 1 kg de café torrado e torrado e moído na comparação com 1 kg do solúvel, ambos divididos pela proporção de gramas que se utiliza para o preparo de 50 ml de cada tipo (quantidade de doses possíveis) e pelo preço médio do kg nos supermercados, aponta que o café solúvel é de 33% a 40% mais barato, com seu valor por dose sendo entre R$ 0,18 e R$ 0,29 mais em conta do que os R$ 0,30 a R$ 0,43 do produto tradicional.
”Ao contrário dos cafés torrado em grão ou torrado e moído, o solúvel oferece um custo por xícara relativamente inferior aos consumidores, além de não exigir custos adicionais com filtros e outros utensílios para seu preparo. Em tempos de inflação impactando significativamente o bolso e a mesa dos brasileiros, essa é uma essencial economia, gerada por praticidade e melhor custo-benefício, a qual permite que nós sigamos com o consumo de café aquecido”, analisa Lima.
O diretor da Abics anota que o produto também é alternativa que não compromete a qualidade para os consumidores. “O café solúvel permite que os brasileiros continuem a desfrutar seu café diário sem sacrificar o sabor e o orçamento, além de evitar que sejam tentados por outros industrializados que se passem por café”, comenta.
Conforme ele, para garantir uma experiência satisfatória com o solúvel, é fundamental estar atento à procedência dos cafés, ao processo de fabricação e à validade. “Escolher marcas reconhecidas e com selos de qualidade é uma boa estratégia para ter certeza que o sabor e o aroma do café estarão preservados e que o prazer diário do consumo da nossa bebida favorita não será comprometido e não influenciará nosso orçamento”, conclui.
EXPORTAÇÕES
Os embarques de café solúvel pelo Brasil destoam do restante da cadeia produtiva e crescem no acumulado do primeiro trimestre deste ano. De janeiro ao fim de março, foram remetidas 977.659 sacas do produto a 72 países, o que implica incremento de 7,9% frente ao volume registrado em idêntico intervalo de 2024.
“É válido recordar que esse resultado ainda não sofreu os impactos da confusão tarifária provocada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que, em 90 dias adotará taxação de 10% sobre o café importado do Brasil, percentual menor que o aplicado a alguns de nossos principais países concorrentes, como o Vietnã (46%). Esse é um cenário que pode se configurar em oportunidades para as indústrias brasileiras”, projeta Lima.