As cooperativas capixabas estão ampliando suas exportações de café, aproveitando uma tendência global de aumento da demanda. Um exemplo é a Cooabriel, a maior cooperativa de café conilon do Brasil, que firmou um acordo inédito para enviar 21 contêineres de café conilon para a Índia. Os embarques, iniciados em julho, estão sendo feitos de forma fracionada, com previsão de mais envios até o fim do ano.

Cooperativa já embarcou 21 contêineres para o mercado indiano

A negociação foi recebida com otimismo pela cooperativa, que vê nesse acordo uma oportunidade de expansão no mercado internacional. O momento é propício, dado que condições climáticas adversas e dificuldades logísticas em outros países produtores, como Vietnã e Indonésia, têm impulsionado o aumento das exportações brasileiras. “São oportunidades que o café brasileiro está acessando em mercados até então menos explorados ou onde ainda não havia conquistado uma participação significativa”, afirma Renata Vaz, gerente de Exportação e Sustentabilidade da Cooabriel. O presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello, ressalta o papel fundamental da melhoria na qualidade do conilon capixaba e na adoção de práticas mais sustentáveis na produção. “O avanço expressivo da qualidade, combinado à adoção de processos produtivos cada vez mais sustentáveis, contribuem para que a variedade se torne atrativa ao mercado internacional, representando um momento muito favorável para o conilon”, avalia Bastianello. A abertura do mercado indiano é especialmente promissora para a Cooabriel, já que o país tem uma tradição de consumo de chás. No entanto, o consumo de café na Índia está em crescimento, impulsionado por mudanças no perfil socioeconômico e cultural da população. “Há uma tendência de aumento no consumo em países onde antes se destacavam outras bebidas que não o café, a exemplo de Japão, China e da própria Índia”, analisa Renata Vaz. Apesar do cenário positivo para as exportações de café produzidos no Brasil, especialmente com a abertura de novos mercados, as questões logísticas nos portos brasileiros exigem atenção. “Para continuar mantendo esses mercados como pautas de exportação, é preciso ter eficiência logística, uma vez que a regularidade de entrega é primordial para a manutenção desses mercados e determinante para a competitividade frente a outros países produtores”, finaliza Vaz. Mesmo com as adversidades logísticas, as exportações brasileiras de café vêm batendo recordes. De janeiro a setembro de 2024, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) registrou o envio de mais de 7 milhões de sacas de cafés canéforas (conilon e robusta) ao exterior, um aumento de 170,4% em comparação ao mesmo período de 2023. Desse total, o Espírito Santo foi responsável pelo envio de 5,5 milhões de sacas, gerando uma receita de US$ 1,1 bilhão, segundo o Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV).

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio

Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

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