Marcelo, Lucas e Francisco, os fundadores do Digaí Podcast, retornam para o quarto episódio extra da segunda temporada, para debater mais um livro. Dessa vez, esteve em pauta um best-seller em economia: “Por que As Nações Fracassam”, de Daron Acemoglu e James Robinson. Em suma, o grande questionamento que norteou a conversa e os trabalhos dos autores podem ser sintetizados em uma frase: “por que alguns países são ricos e outros pobres?”. Confira os principais destaques do bate-papo entre os idealizadores do Digaí Podcast, o novo canal de conteúdo parceiro do Folha Business.
Por que algumas nações prosperam e outras não?
Marcelo: “Por que As Nações Fracassam”. Esse é um dos livros que mais me chamou a atenção, pela forma de abordagem e pelas diversas referências econômicas, políticas e históricas, buscando entender o motivo de alguns países darem certo e outros errado. É uma aula sobre como uma nação precisa seguir com suas instituições políticas e econômicas para não prosperar. Os exemplos são riquíssimos e os autores sempre buscam a origem do sucesso ou do fracasso. Lucas: Os autores são Daron Acemoglu e James Robinson, ambos americanos. Acemoglu também possui nacionalidade armênia e turca e é professor de economia do Massachussetts Institute of Technology (MIT) e o Robinson é um autor bem conhecido também de história em quadrinhos, com uma linha de escrita ampla. Essa é uma obra indicada diversar vezes nos nossos episódios, por Ana Paula Vescovi e por Felipe Rigoni, por exemplo. Francisco: O nome do livro é “Por que As Nações Fracassam”, mas também pode ser interpretado como “Por que As Nações Prosperam”, dado o paralelo entre os motivos de sucesso e fracasso contextualizados no livro. E a grande pergunta é: por que que certas nações geram maior qualidade de vida? A riqueza que o livro trata vai muito além de questões materiais. Zé Guilherme: Um ponto interessante da obra é quebrar sensos comuns. Por que Alemanha Ocidental e Oriental eram tão diferentes? Por que Coreia do Norte e de Sul são tão diferentes, mesmo com culturas e geografias similares? Com esses questionamentos, eles posicionam as instituições como centro da análise, distinguindo-as entre boas e ruins. Na métrica didática, esse é um dos melhores livros que temos no mercado sobre economia e o sucesso ou fracasso das nações. É possível fazer diversos paralelos com as notícias e a realidade que presenciamos. Marcelo: Ainda, o que eu gosto de destacar na obra é a abordagem plural que os autores fazem sobre o sucesso econômico dos países. A análise não se resume apenas a uma teoria. A avaliação passa pela colonização, pelos movimentos de independência, pelo acesso ao capital disponível, pela geografia, pelos grandes conflitos da humanidade e pela cultura e ignorância. Zé Guilherme: Ao fazer um paralelo com o livro e com a atualidade, vemos que a China quebra os modelos estudados. As vezes ficamos presos a nossa visão de mundo, mas houve uma revolução silenciosa na educação, por exemplo, e que eles já colhem os frutos. Mas de fato, nunca vamos saber o que de fato ocorre na China, é uma atmosfera política e social cinzenta. Francisco: A China é um capítulo a parte dessa história, pois suas instituições têm práticas extrativistas e a nação é controlada pelo partido comunista e mesmo assim a qualidade de vida e o vem crescendo de forma consistente nos últimos 30 anos. Lucas: O que é mais impressionante é o controle que as instituições do país comandam 1,4 bilhão de pessoas, sendo extremamente capitalistas em certos pontos, e aparentemente as coisas estão dando certo.