No Brasil, as residências têm acesso à energia elétrica apenas de uma  concessionária, ou, na melhor das hipóteses, conta com geração solar própria. Porém, empresas com grande consumo de energia podem adquirir eletricidade de outras geradoras independentes no chamado mercado livre de energia, onde a eletricidade custa cerca de metade do valor comum. Porém, empresas com consumo de energia mais modesto não podem entrar nessa modalidade por lei e deixam muito dinheiro na mesa. A startup Clarke, que atua no mercado livre de energia, calculou o quanto empresas brasileiras já desperdiçaram por conta dessa restrição– e o número impressiona. Acompanhe Mundo Business no Instagram

Mercado livre de energia chega a 65% dos consumidores americanos

O Desperdiçômetro da Clarke também está calculando o impacto que as empresas que não comprar energia no mercado livre estão causando ao meio ambiente. Se todas as empresas estivessem consumindo energia no mercado livre, em 2021 teríamos tido um retorno ambiental de mais de 6 milhões de toneladas de gás carbônico e mais de 11 mil Maracanãs em extensão de árvores. Atualmente, menos de 0,1% dos consumidores de energia do Brasil participam do mercado livre de energia. Para Pedro Rio, sócio-fundador da Clarke, isso mostra como o Brasil está atrasado com relação a outros países. “Nos Estados Unidos, 65% das pessoas usam o mercado livre de energia. Já na Europa, esse número chega a 100% em alguns países. Em Portugal, o governo aprovou a extinção do mercado regulado, obrigando todas as pessoas a fazerem a transição para o mercado livre”, afirma Pedro.

Exclusão de empresas do mercado livre de energia traz prejuízos econômicos e ambientais

O Mercado Livre de Energia é a possibilidade de comprar energia livremente, sem estar totalmente amarrado à distribuidora. Dentro desse ambiente de contratação, é possível escolher o preço, o fornecedor, a fonte e a quantidade de energia comprada. Além disso, fica livre da cobrança extra das bandeiras tarifárias e pode negociar as melhores condições com os fornecedores. Segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), a tarifa de energia no mercado tradicional custa, em média,  R$ 313/MWh. No Mercado Livre, esse valor é de R$ 177/MWh, o que corresponde a uma economia de 48% no preço da energia. No entanto, pela legislação atual, é preciso ter um consumo expressivo de energia (500 kW de demanda mensal, equivalente ao consumo de três residências brasileiras) para negociar nesse ambiente. Todos os outros consumidores não têm acesso à portabilidade da conta de luz e, por esse motivo, deixam muito dinheiro na mesa. Segundo o cálculo da ferramenta ‘Desperdiçômetro‘, da startup Clarke, que atua no mercado livre de energia, de janeiro de 2003 até o hoje, foram desperdiçados mais de R$ 140 bilhões. A ferramenta foi lançada pela startup em março na Câmara dos Deputados, em Brasília.