Em meio a retomada econômica, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 1,3 pontos em julho, para 82,2 pontos. Trata-se do maior valor desde outubro de 2020 (82,4 pontos). As evidências mostram que o ICC segue abaixo dos níveis pré-pandemia, mas as expectativas para os próximos meses são positivas, dado, principalmente, à retomada da atividade econômica, aumento da geração de empregos e do avanço da política de vacinação contra a Covid-19. Porém, há uma desigualdade na confiança entre as diferentes classes de renda do país. O que isso significa?

Mais ricos otimistas, mais pobres nem tanto

Há uma diferença considerável entre os brasileiros de maior renda e os de menor renda. Até R$ 2.100, houve piora de 2,4 pontos na confiança de que a economia melhorará. Enquanto isso, entre quem ganha mais de R$ 9.600 (quem integra os 10% mais ricos do país), houve melhora de 3,3 pontos. Entre as explicações, está o fato de que a relação do endividamento das famílias chegou a patamares próximos de 70% no último mês, sendo que as famílias de menor renda estão mais endividadas. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Além disso, o segmento da população com renda mensal de até 2 salários mínimos é, justamente, a parcela da população em que a retomada da economia demora mais para ser percebida, especialmente em virtude do elevado desemprego.    

O que esses números dizem sobre as eleições de 2022?

A maior parte do eleitorado de Lula (PT), que tem liderado as intenções de voto em todas os institutos de pesquisa, é justamente a faixa da população que possui renda de até 2 salários mínimos, e que está mais pessimista com a economia. No outro oposto, a faixa de brasileiros mais otimistas é composta, justamente, pelos que possuem maior renda, e onde o presidente Jair Bolsonaro performa melhor. Nesse sentido, uma retomada econômica que alcance os brasileiros de menor renda até o início de 2022 é essencial para que Bolsonaro seja um candidato mais competitivo. Entre as iniciativas ventiladas pelo governo para auxiliar a população mais vulnerável está a implementação da Carteira Verde Amarela e a revisão de Normas Regulamentadoras, desburocratizando contratações, além de uma reformulação do Bolsa Família, ampliando o valor do benefício e a extensão da política pública.

Luan Sperandio Colunista
Colunista
Analista político e Diretor de Operações do Ranking dos Políticos, uma das organizações mais influentes do Congresso Nacional.