A capital do Espírito Santo, Vitória, vai sediar a primeira edição do Congresso de Fitossanidade, que acontecerá entre os dias 24 a 27 de outubro. A iniciativa surge com a missão de apoiar e estimular o ensino e o desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da fitossanidade, tanto a nível estadual quanto nacional. Durante quatro dias, especialistas e pesquisadores da fitopatologia do Brasil se reunirão para compartilhar conhecimento em exposições científicas, palestras e painéis de discussão. Um dos principais focos será o debate sobre doenças que afetam cultivos de diversas regiões do país, mas que ainda não foram detectadas no Espírito Santo. O encontro busca explorar formas de prevenção para evitar que as pragas cheguem nas plantações capixabas.

40% dos alimentos são perdidos por ano por causa de pragas e doenças

Dentre as doenças, destacam-se a monilíase do cacaueiro e o greening, que afeta os citros, incluindo laranjas, mexericas e limões. O estado tem adotado medidas para evitar que elas se estabeleçam em suas plantações, uma vez que podem causar prejuízos à produção agrícola. Segundo o Idaf-ES, algumas pragas estão sob controle no estado. Dentre elas, com ocorrência, a meleira e mosaico que afetam a cultura do mamão, assim como a sigatoka negra que impacta o cultivo de bananas. No entanto, há doenças de plantas que ainda não registraram ocorrências no Espírito Santo, incluindo o moko da banana, o greening e o cancro dos citros, bem como a bacteriose que afeta as videiras de uva, além da monilíase que atinge o cacau e o cupuaçu. O greening, por exemplo, é uma doença que tem se disseminado em plantações de citricultura, afetando sobretudo as produções de laranja, limão e mexerica. Ela causa consequências, como a redução da produtividade das plantas. Até o momento, não há registros de sua presença no Espírito Santo. No entanto, as autoridades estaduais estão monitorando a situação como medida preventiva. O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf-ES), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estão à frente da realização do evento. Além de co-realização da Sociedade Espiritossantense de Engenheiros Agrônomos (SEEA), vinculada do Crea-ES. Janil Ferreira, diretor técnico do Idaf, ressaltou a relevância do congresso ao enfatizar seu papel na promoção do ensino e desenvolvimento científico no campo da fitossanidade. “É uma oportunidade para divulgar conhecimentos científicos, trocar experiências, gerar negócios e compartilhar valores na solução de problemas de doenças de plantas. Isso contribuirá para a defesa vegetal das lavouras do nosso estado, que possui destaque relevante no mundo, exportando produtos como mamão, pimenta-do-reino e café”. O professor da Ufes Willian Bucker Moraes, um dos organizadores do evento, enfatizou a importância do congresso como meio de prevenir doenças, pragas e plantas daninhas que ameaçam a produção agrícola do estado. “O Espírito Santo é um dos maiores produtores de café, pimenta e mamão, e enfrenta desafios significativos em relação à fitossanidade e segurança alimentar. Queremos garantir que produtos cheguem ao consumidor com qualidade e segurança alimentar, colocando o estado em destaque na produção agrícola”, destacou o professor.

Especialistas defendem uso de bioinsumos no controle de pragas agrícolas

O evento abordará questões relacionadas às mudanças climáticas e os seus impactos. O destaque estará na prevenção de pragas e doenças, bem como no manejo sustentável desses problemas. Nesse contexto, os bioinsumos surgem como ferramentas sustentáveis que causam menor impacto ambiental. A técnica de bioinsumos, que usa vírus, substâncias de insetos e predadores naturais no combate às pragas, é muito adotada na produção de orgânicos e também reduz a dependência de agrotóxicos na agricultura convencional. José Adilson de Oliveira, consultor técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), enfatizou a importância do biocontrole como uma alternativa sustentável no setor agrícola. Embora o biocontrole não seja uma novidade, nas últimas décadas, ganhou relevância com o crescimento do agronegócio e o interesse de grandes corporações. “A adoção de boas práticas agrícolas são fundamentais, ainda mais porque estima-se que até 40% da colheitas do alimentos são perdidas por ano por causa de pragas e doenças. A disseminação em novas áreas do planeta deve aumentar com as mudanças climáticas, levando à perda de biodiversidade, estragos nas colheitas e redução dos rendimentos de agricultores. Os bioinsumos são alternativas promissoras, permitindo que a agricultura produza de forma mais sustentável”. O congresso recebe o apoio de instituições, como Sinfagres, Mutua/Fest, Crea-ES, SEEA, Sistema OCB-ES e as cooperativas, Beto Citros, Extrafruti, Brapex, Suzano e Cooabriel.

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio Colunista
Colunista
Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.