O Espírito Santo quebrou um recorde histórico em 2024 ao exportar 571.441 sacas de café solúvel de 60 quilos. O volume representa um crescimento de 13,89% em relação a 2023, quando o estado embarcou 501.749 sacas — o último recorde registrado. O Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV) divulgou os dados, que mostram uma receita de US$ 122 milhões gerada com as exportações.
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ES: exportações de café solúvel avançaram 13,89% em um ano
O estado também registrou um marco em dezembro de 2024, quando exportou 80.316 sacas em um único mês, superando as 66,2 mil sacas embarcadas no mesmo período de 2023.
O avanço nas exportações de café solúvel reflete o impacto da chegada de novas indústrias ao Espírito Santo, como a OFI (antiga Olam) e a Café Cacique. A Cacique, uma das maiores produtoras, processadoras e exportadoras independentes de café solúvel do mundo, atua em mais de 70 países. Em 2024, a Louis Dreyfus Company adquiriu as operações da multinacional, fortalecendo ainda mais o setor.
As duas empresas instalaram fábricas em Linhares, no norte capixaba, e se juntaram à unidade da Realcafé, em Viana, na Grande Vitória. Esse movimento transformou o Espírito Santo em um dos principais polos de exportação de café solúvel do Brasil, aumentando a capacidade de produção e embarque do estado.
O vice-presidente do CCCV e presidente do Sindicato do Comércio de Café do Espírito Santo (Sindicafé), Jorge Nicchio, destacou o papel fundamental das novas indústrias no resultado recorde de 2024.
“A Café Cacique já está no quarto ano de operação e a Olam tem pouco mais de um ano. Ambas aceleraram a produção e, consequentemente, aumentaram os embarques. Para você ter uma ideia, 80% de todo o café solúvel produzido aqui vai para o mercado externo. Isso contribui para que o Espírito Santo tenha hoje o maior polo de café solúvel do Brasil. Esse crescimento já era esperado, mas foi ainda mais intenso do que imaginávamos”, destacou Nicchio.
Gargalos logísticos limitaram o potencial de crescimento
Apesar do desempenho recorde, Nicchio acredita que o Espírito Santo poderia ter exportado ainda mais se não fosse por problemas logísticos nos portos capixabas. Segundo o CCCV, o estado deixou de escoar localmente pelo menos 1,4 milhão de sacas de café conilon, 1,8 milhão de sacas de café arábica e 350 mil sacas de solúvel, todas produzidas e processadas no Espírito Santo, mas embarcadas por portos de outros estados.
“Estimamos que cerca de 350 mil sacas de café solúvel capixaba saíram por outros portos, principalmente o do Rio de Janeiro, por causa de gargalos no Porto de Vitória. O mesmo aconteceu com o conilon e o arábica. Só de conilon, aproximadamente 1,4 milhão de sacas foram embarcadas fora do estado. Ou seja, tivemos um ano de recordes, mas o potencial era ainda maior”, destacou Nicchio.
Espírito Santo registra maior volume de exportação de café da história
Considerando todas as variedades — arábica, conilon e solúvel — o Espírito Santo exportou 8,3 milhões de sacas em 2024, alcançando o maior volume da história. O número representa um aumento de 1,21% em relação ao recorde anterior, registrado em 2002. O café conilon liderou as exportações, com mais de 7 milhões de sacas, representando 84% do total. O arábica respondeu por 9% (754 mil sacas) e o solúvel, por 7% (571 mil sacas).
Cinco países concentraram quase metade de todo o café exportado pelo Espírito Santo em 2024: Bélgica (12%), México (12%), Estados Unidos (10%), Itália (8%) e Espanha (7%). Em seguida, aparecem Alemanha (6%), Vietnã (5%), Reino Unido (4,5%), Indonésia (4,2%) e Rússia (3,9%). No total, o estado comercializou café com 63 países de todos os continentes.
Exportação de café solúvel cresce 13% no Brasil em 2024
O Brasil também registrou um recorde nas exportações de café solúvel em 2024, com o embarque de 4,093 milhões de sacas de 60 quilos. O volume representa um crescimento de 13% em comparação a 2023, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics).
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