O Espírito Santo registrou, em 2024, o maior volume de exportação de café de sua história, com 8,3 milhões de sacas embarcadas pelos portos capixabas. O volume superou em 1,21% o recorde anterior, alcançado em 2002. O café conilon foi o grande destaque, representando 84% das exportações, com mais de 7 milhões de sacas. O café arábica respondeu por 9% (754 mil sacas) e o café solúvel por 7% (571 mil sacas).
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Exportação de café movimentou R$ 10,5 bilhões em 2024
Em relação a 2023, houve um aumento de 61% nas exportações totais, com destaque para o crescimento de 75% no volume de café conilon, 10% no arábica e 14% no solúvel. O Espírito Santo respondeu por 17% das exportações brasileiras de café em 2024 e por 75% do café conilon exportado pelo país, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Das 9,4 milhões de sacas de café conilon exportadas pelo país, 7 milhões saíram pelos portos do Espírito Santo, uma diferença de 2,3 milhões de sacas.
Destinos do café capixaba
Bélgica (12%), México (12%), Estados Unidos (10%), Itália (8%) e Espanha (7%) foram os principais destinos do café capixaba. Enquanto os EUA importaram volumes significativos de café conilon, arábica e solúvel, os demais países concentraram-se no conilon. Espanha e Itália substituíram Reino Unido e Indonésia entre os cinco principais destinos em 2024.
Um destaque especial vai para a China, que saltou da 53ª para a 26ª posição entre os maiores importadores de café do Espírito Santo, com um crescimento de 1.729% nas importações de café conilon: de 2.266 sacas em 2023 para 41.453 sacas em 2024.
Recorde também na receita
O valor gerado com as exportações foi de US$ 1,8 bilhão R$ 10,5 bilhões na cotação atual), um aumento de 119% em relação a 2023. O preço médio da saca subiu 37%, passando de US$ 158 em 2023 para US$ 216 em 2024. O café conilon teve a maior alta, com um aumento de 43%, alcançando o preço médio de US$ 211 por saca. O arábica registrou média de US$ 264 (+26%) e o solúvel, US$ 214 (+23%).
Desafios logísticos e soluções criativas
Apesar do recorde, a logística continuou sendo um desafio. Limitações no Porto de Vitória para navios de grande porte, congestionamentos, escassez de contêineres e o aumento da importação de carros elétricos impactaram o fluxo de exportações. Segundo o Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), pelo menos 3,5 milhões de sacas foram exportadas por portos fora do ES, como Rio de Janeiro, Santos e Açu, elevando o volume total para cerca de 12 milhões de sacas e a receita para US$ 2,7 bilhões
Uma solução encontrada pelos exportadores foi o uso da modalidade break-bulk, com embarques de café em big-bags diretamente nos porões dos navios, dispensando contêineres. Esse método permitiu o embarque de mais de 260 mil sacas, inclusive fora da Grande Vitória, em Portocel (Aracruz).
De acordo com o presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Fabrício Tristão, o Porto de Vitória enfrenta, há anos, limitações para a atracação de grandes navios porta-contêineres.
Essa restrição faz com que o terminal funcione como um hub feeder, ou seja, as cargas embarcadas precisam ser redirecionadas para navios de maior porte em outros portos, o que prolonga o tempo de trânsito da mercadoria até o destino final e aumenta os custos com frete marítimo e serviços portuários locais.
“Outro agravante foi o cenário constituído de uma logística marítima global e brasileira recorrentemente congestionada, de escassez de contêineres, das reformas realizadas em equipamentos do terminal de contêineres do Espírito Santo e pelo alto número de importação de carros elétricos nos portos capixabas”.
Ele acrescenta que a combinação desses fatores provocou atrasos de até quatro meses nos embarques. “Ao final, muitos importadores preferiram direcionar seus embarques para outros portos além do Espírito Santo”, conclui.
Perspectivas para 2025
O CCCV projeta que as exportações de café continuarão em ritmo sólido em 2025 pelos portos do Espírito Santo, consolidando um novo patamar mínimo para o volume de cafés capixabas destinados ao mercado internacional, mesmo diante dos desafios logísticos locais e globais. Com melhorias na infraestrutura portuária, o Estado tem potencial para exportar entre 8 e 9 milhões de sacas anualmente.
No final de 2024, o CCCV e a Vports (autoridade portuária capixaba) firmaram um protocolo de intenções com o objetivo de implementar ações práticas e estabelecer metas concretas para superar os desafios logísticos e ampliar o volume de embarques pelo Porto de Vitória. Além disso, projetos portuários em desenvolvimento no Espírito Santo, como o da Imetame, Petrocity, Porto Central e a expansão das operações de café via Portocel, apontam para um cenário promissor nas exportações de café capixaba nos próximos anos.
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