Espírito Santo lidera exportações de mamão
Espírito Santo lidera exportações de mamão


Em 2024, o Espírito Santo aumentou em 35,94% suas exportações de mamão, totalizando 19,4 mil toneladas. O faturamento atingiu US$ 28,3 milhões, representando um crescimento de 34,67% em relação ao ano anterior, equivalente a aproximadamente R$ 167,7 milhões na cotação atual.

Embora o volume exportado tenha ficado abaixo do recorde de 24 mil toneladas registrado em 2021, o valor arrecadado foi o mais alto já registrado pelo estado.

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Na liderança: ES respondeu por 44% das exportações nacionais em 2024

No cenário nacional, o Brasil exportou 44 mil toneladas de mamão em 2024, um aumento de 16,2% em comparação a 2023. O faturamento nacional foi de US$ 58,1 milhões, uma alta de 9,5% em relação ao ano anterior. Os principais estados exportadores foram Espírito Santo (44%), Rio Grande do Norte (33%), Bahia (8%) e Paraíba (8%). Os principais destinos do mamão brasileiro foram Portugal (30%), Espanha (16%) e Reino Unido (17%).

De acordo com a Conab, a elevação da oferta nacional, sobretudo ao longo do segundo semestre de 2024, contribuiu para que as vendas externas continuassem aquecidas.

“Esse aumento decorre não só da elevada oferta, mas também da alta qualidade da fruta e da demanda aquecida, principalmente na Europa, principal compradora do mamão produzido no Brasil, originário tanto de praças capixabas, baianas, potiguares e cearenses”, ressaltou a companhia. 

José Roberto Macedo Fontes, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex), destacou que, apesar de o volume exportado em 2024 não ter superado o de 2021, o aumento do valor agregado foi significativo. 

“A grande conquista foi o aumento do valor agregado. Em 2021, exportamos no Brasil 50,2 mil toneladas e arrecadamos US$ 50,6 milhões. Já em 2024, com menos volume, conseguimos atingir US$ 58 milhões. Isso mostra uma melhoria na comercialização do mamão no exterior”, explica Fontes. Ele ressalta que, nos anos 2000, o Espírito Santo já havia atingido recordes de volume exportado, mas com arrecadação bem inferior, como em 2003, quando o estado exportou 27,4 mil toneladas e arrecadou apenas US$ 20 milhões.

Desafios logísticos e perfil dos produtores de mamão afetam o setor

Apesar dos resultados positivos, o setor enfrenta desafios. A mudança no perfil dos produtores, com muitos focados principalmente no cultivo de café, impactou os resultados. Fontes acredita que, com mais produtores dedicados exclusivamente ao mamão para exportação, seria possível ampliar os volumes e o valor arrecadado.

”Grande parte da produção hoje vem de agricultores que têm como foco principal o café, no norte do Espírito Santo e no sul da Bahia. Se tivéssemos mais adesão de produtores dedicados ao mamão para exportação, poderíamos ter ampliado os volumes e o valor arrecadado ainda mais”, comenta Fontes.

A logística também é um ponto de atenção. Atualmente, quase toda a exportação de mamão é realizada por transporte aéreo em voos comerciais. No entanto, as limitações impostas durante a pandemia, como a redução de voos, afetaram o setor. “A retomada da logística marítima permitiria o envio de volumes maiores, embora o transporte aéreo agregue valor ao produto pela rapidez na entrega”.

Vale lembrar que o mamão é um produto perecível e merece cuidados especiais para a conservação. Muitas estratégias vêm sendo utilizadas no mercado agroexportador para prolongar o tempo de prateleira dos produtos.

Espírito Santo lidera exportações de mamão

Perspectivas para 2025: crescimento gradual e atenção ao clima

Para 2025, as perspectivas são de crescimento gradual em volume e valor. A normalização das rotas de transporte deve contribuir para o aumento das exportações, embora Fontes acredite que não haverá saltos significativos. O clima também será determinante; em 2024, a produção foi favorecida por chuvas bem distribuídas. 

“Se 2025 seguir com essa condição, esperamos aumento na produção e na qualidade dos frutos. No entanto, seguimos atentos às viroses, que têm impactado os índices do estado. Esse tipo de doença não tem controle químico, e a única solução é o corte das plantas infectadas, o que reduz a área plantada e a produção”, alerta Fontes.

O Rio Grande do Norte, segundo maior produtor, também elevou sua participação em 2024, especialmente com a exportação do mamão formosa. Porém, o valor arrecadado pelo estado é inferior ao do Espírito Santo, que continua liderando o setor com ampla margem. O estado arrecadou US$ 17,2 milhões e enviou ao exterior 14,8 mil toneladas de mamão.

Espírito Santo é o maior produtor e exportador de mamão do Brasil

O Espírito Santo se destaca como o maior produtor e exportador de mamão do Brasil. Em 2023, o estado produziu 352 mil toneladas, representando um faturamento de R$ 1,1 bilhão. A fruta foi exportada para 37 países, tendo como principais destinos Portugal, Reino Unido e Estados Unidos.

Os municípios mais representativos na produção de mamão foram Pinheiros, Montanha, Linhares, São Mateus, Boa Esperança, Pedro Canário, Sooretama, Vila Valério, Aracruz e Jaguaré.

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Stefany Sampaio
Stefany Sampaio Colunista
Colunista
Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.