As exportações brasileiras de mamão recuaram em 2022. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o volume exportado ficou em 39,8 mil toneladas, uma queda de 20,8% nas vendas em relação ao ano anterior. Se for levado em consideração o ano de 2020, a queda foi de 8,9%. Dados da Secretaria de Comércio Exterior estimam que o mamão se destaca com os envios à União Europeia, que avançaram 90% entre 2011 e 2021. Apesar da redução nas exportações, a maior parte do volume de mamão exportado no país se originou do Espírito Santo (47%) e do Rio Grande do Norte (25%) e Bahia (10%). Acompanhe Agro Business no Instagram

Exportações apresentaram queda de 20,8%

Segundo a Conab, a diminuição da produção foi causada, principalmente, pela baixa oferta nacional, resultado da queda de área plantada nos últimos anos (menores investimentos) e das chuvas mais frequentes no Nordeste, que impactaram na qualidade da fruta. Produtores e agentes também estão atentos aos possíveis reflexos da economia europeia sobre as exportações brasileiras de frutas, pois a inflação no bloco tende a limitar a demanda e a desvalorização do euro pode pressionar a rentabilidade, já que os principais países consumidores foram Portugal (25%), Espanha (15%), Reino Unido (12%) e Alemanha (11%). Representantes da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex), sediada em Linhares, no Espírito Santo, explicam que mesmo com redução nas exportações, as empresas exportadoras do estado mantiveram o volume e algumas até mesmo aumentaram a produção para manter a constância no mercado internacional. “As empresas exportadoras, principalmente as associadas à Brapex, são historicamente referências internacionais em exportação. Este espaço foi conquistado há muitos anos e precisa ter continuidade para atender com volumes satisfatórios e não perder competitividade”, explicou José Roberto Macedo Fontes, diretor-executivo da Brapex. Macedo destaca que a redução de oferta pode ser explicada pela queda das áreas de cultivo e porque o preço do mamão no mercado interno se manteve em alta por quase dois anos. “As exportadoras comercializam no mercado interno também, mas a prioridade é enviar os frutos de melhor qualidade e aparência para o externo. O grande problema é a alta considerável dos custos de produção do mamão. Isso tem aumentado o risco de investimento também”, ressaltou Macedo.

Fatores climáticos

Os principais polos produtores de mamão brasileiros foram afetados por fortes chuvas, o que impacta a qualidade dos frutos comercializados. Segundo o diretor-executivo da Brapex, o mercado pode até aceitar os frutos que foram afetados pela aparência, mas a qualidade não pode ser inferior. Para manter as frutas no mercado externo, é preciso garantir uma vida de prateleira maior para comercialização. Para a Brapex, o cenário previsto para 2023 segue sem perspectivas de alta e as exportações não devem aumentar devido à baixa oferta de frutos. A expectativa gira em torno que o Espírito Santo continue na liderança mesmo com um cenário mais desafiador. “As empresas capixabas têm expertise de longa data e devem continuar enviando frutos para exportação”, avaliou.

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio Colunista
Colunista
Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.