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Exportações de café do Espírito Santo caem 53,6% no 1º bimestre de 2025, mas preços sustentam receita

O produto mais exportado nesse início de ano foi o minério de ferro. Crédito: Divulgação
O produto mais exportado nesse início de ano foi o minério de ferro. Crédito: Divulgação

O Espírito Santo registrou uma forte queda no volume de café exportado no primeiro bimestre de 2025. Segundo dados do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), o estado embarcou 508.685 sacas nos meses de janeiro e fevereiro, um recuo de 53,61% em relação ao mesmo período de 2024. Apesar disso, a receita cambial sofreu um impacto menor, caindo 18,41% e totalizando US$ 152,3 milhões, reflexo da alta no preço médio da saca, que subiu 75,88%.

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Menos café nos estoques e entressafra impactam os embarques

No primeiro bimestre de 2025, em janeiro e fevereiro, foram exportadas 508.685 sacas de café, movimentando US$ 152 milhões a um preço médio de US$ 299,49 por saca. O conilon foi o principal produto exportado, com 314.855 sacas, seguido pelo café arábica (126.822 sacas) e pelo café solúvel (67.008 sacas).

Já no primeiro bimestre do ano anterior foram exportadas 1.096.471 sacas de café, com a movimentação de US$ 186 milhões a um preço médio de US$ 168,52 por saca. Na época, o conilon foi o principal produto exportado, com 924.314 sacas, seguido do café arábica (103.002 sacas) e pelo café solúvel (69.155 sacas).

Jorge Nicchio, vice-presidente do CCCV

O vice-presidente do CCCV, Jorge Nicchio, explica que a queda no volume exportado está diretamente ligada ao baixo estoque disponível. Em 2024, o Brasil bateu recordes históricos de exportação, impulsionado pela valorização do café. “Os preços subiram muito no ano passado e os produtores venderam a produção e os estoques de 2023. Com isso, o volume de café para 2025 foi bem menor”, destaca.

O cenário de estoques baixos e entressafra deve manter o ritmo reduzido de embarques nos próximos meses. “A tendência é que março, abril e maio também registrem volumes menores que os de 2024. Só devemos ver uma recuperação a partir de junho, com a chegada da nova colheita de café”, projeta Nicchio.

Preços sustentam a receita

Apesar da queda nas exportações, o aumento no preço do café tem garantido uma boa receita para os produtores capixabas. No primeiro bimestre de 2024, a receita cambial foi de US$ 186 milhões, enquanto em 2025 ficou em US$ 152 milhões – uma diferença relativamente pequena considerando a redução de mais da metade do volume exportado.

De acordo com o Cepea, o café conilon, que no início de 2024 era vendido a R$ 760 a saca, fechou o ano com preços entre R$ 1.832. A saca também chegou a R$ 2.000 nos primeiros dias de 2025 e se mantém desde então. A valorização sustenta a renda do setor, mesmo diante da menor oferta. “Os preços seguem muito bons para os produtores. E, mesmo com a entrada da nova safra, a expectativa é de valores elevados ao longo do ano”, avalia o vice-presidente do CCCV.

Clima e expectativas para a safra 2025

As condições climáticas também impactam o mercado. Segundo Nicchio, houve boas chuvas entre novembro e dezembro, mas janeiro e fevereiro foram marcados por um período seco. Ainda assim, a expectativa é de uma boa safra de conilon no Espírito Santo. “O mercado já percebeu que a produção do Brasil não será tão grande, o que deve contribuir para manter os preços em patamares elevados”, conclui.

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Stefany Sampaio
Stefany Sampaio Colunista
Colunista
Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.