Como motor da recuperação econômica do Brasil no primeiro trimestre do ano, o agronegócio pode ser prejudicado no restante do período. Segundo a consultoria MB Agro, o cenário de estabilidade era de expansão entre 2,5% a 3% do PIB do setor, que agora deve ser revisto com a iminência da crise hídrica, que afeta de forma generalizada o agronegócio. Acompanhe Stefany Sampaio no Programa Mundo Business
Quais os impactos de uma eventual crise hídrica?
Em um eventual agravamento do cenário atual, as restrições ao uso da água podem afetar diretamente o agronegócio. Isso porque a água é, basicamente, a matéria prima de qualquer produto, principalmente no campo, onde os agropecuaristas precisam alimentar seus animais e regar suas plantações. Mas alguns subsetores conseguiram contornar alguns dos maiores problemas. A soja, por exemplo, responsável por mais da metade da safra recorde de grãos neste ciclo 2020/21, já teve sua colheita concluída e, por isso, corre menos riscos. Contudo, outras culturas podem sofrer com aumento dos custos dos insumos e de produção, além da escassez de oferta, o que pode recair sobre o bolso dos brasileiros. No caso do milho, por exemplo, a falta de chuvas já se refletiu nos preços, embora esse a demanda e a valorização da commodity no mercado internacional, também tenha influenciado nas cotações recordes.
O que esperar nos próximos meses?
Segundo a Tendências Consultoria, o cenário ainda é de avanço do PIB agropecuário em 2021, de 2,6%. Apesar disso, os efeitos da crise hídrica no setor, caso intensificados, podem gerar revisões ao longo dos próximos meses. Além disso, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as safras de alguns produtos como o milho, terão redução na safra em 2021 em 3,9% em relação à 2020, apesar de aumentos de 6% na área plantada e de 6,2% na colhida, incentivados pela escalada de preços. Nesse contexto, o governo estuda uma Medida Provisória com o intuito de ampliar os poderes do Ministério de Minas e Energia na gestão dos recursos hídricos do país. O objetivo é que a instituição defina quais as prioridades e quais podem ser os setores mais afetados pelo fenômeno. Assim, a grande preocupação se concentra nas possíveis limitações para o uso de água para a irrigação, usada para entre 3% a 4% da área plantada no país – 8,2 milhões de hectares, de acordo com dados da Agência Nacional de Águas (ANA). A Agro Business acompanhará o andamento desses acontecimentos e suas consequências até o fim do ano.