A atividade florestal no Espírito Santo gera mais de 66 mil empregos e uma renda superior a um bilhão de reais anuais, segundo dados do Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro). Com a participação de 7,89% no PIB capixaba e cerca de 26,3% do agronegócio, o setor também é responsável por 50% das exportações agrícolas no estado (com a celulose subproduto da floresta plantada). No contexto de potencial econômico da indústria madeireira, o Complexo Agroindustrial Pindobas, localizado em Venda Nova do Imigrante, detém a maior floresta comercial do Espírito Santo, com exceção da Suzano, líder global com florestas de eucalipto voltadas à produção de celulose.

Setor é responsável por 50% das exportações agrícolas do ES

O Complexo Agroindustrial Pindobas fornece madeira para a serragem e a fabricação de uma variedade de produtos derivados do processamento de toras. Ao todo, são quatro fazendas: Pindobas 1, 2, 3 e 4, sendo as Pindobas 1 e 3 situadas em Venda Nova do Imigrante, com 24,90 ha de pinus e 203,39 ha de eucalipto; a Pindobas 2 (Domingos Martins) com 73,63 ha de pinus e 223,18 ha de eucalipto; e a Pindobas 4; entre os municípios de Brejetuba, Conceição do Castelo e Muniz Freire, com 883,95 ha de pinus, e 979,90 ha de eucalipto. Juntas, as quatro unidades respondem por 53,88% da área coberta com pinus no território capixaba. Tudo começou em 1973 com o programa pioneiro de reflorestamento comercial idealizado pelo empresário Camilo Cola. Naquele ano, a Fazenda implantou cerca de 2.100 hectares de Pinus elliottii, aproximadamente 4,5 milhões de árvores. A propriedade já contava também com 200 ha de reflorestamento de Eucalyptus spp, com objetivo de produzir carvão vegetal para comercializar com siderúrgicas próximas. Era a Fazenda que desenvolvia as próprias mudas de pinus e eucalipto. “Seu Camilo teve a ideia das florestas comerciais nas viagens que fazia ao exterior. Ele percebeu ser o mercado madeireiro uma boa oportunidade e, há 50 anos, decidiu investir em silvicultura”, conta Arildo Souza, gerente florestal do Complexo Agroindustrial Pindobas. A Fazenda Pindobas se tornou referência em qualidade e preço. Muitos produtores têm a empresa como balizador de mercado na hora de cortar madeira. “Além das florestas de eucalipto e pinus, fazemos a condução do reflorestamento para obter árvore adulta com mais qualidade e 90% do material proveniente do desbaste vai para a própria serraria. Também vendemos tanto a madeira em tora quanto em torete para, pelo menos, dez serrarias da região”, afirma Arildo. O empreendimento tem mantido a abordagem focada no plantio de clones de eucalipto para garantir um padrão de qualidade consistente, a Fazenda busca variedades que se adaptem melhor às necessidades da indústria madeireira. “Buscamos informação e a melhor opção quanto à adaptação do solo, desenvolvimento e qualidade genética são os clones da variedade BA7346, que vão garantir árvores com o mesmo padrão e madeiras de boa densidade, sem trincas e rachaduras”, ressalta o gerente. Embora atenda ao mercado interno, o Complexo Agroindustrial Pindobas também contribui indiretamente para exportações, como fornecimento de madeira para embalagens de granito e outros produtos, a exemplo de embalagens de pinus para motores elétricos. Além disso, a atividade secundária de resinagem permite a obtenção de produtos como breu, terebintina e resina, que são valiosos na indústria química. Já a Serraria da Pindobas, localizada em Venda Nova do Imigrante, é uma referência na produção de madeira serrada a partir de eucalipto e pinus. A unidade se destaca por suas extensas operações e uma variedade de produtos de madeira de alta qualidade, atendendo diversos mercados, incluindo a construção civil, setor moveleiro, produção de embalagens, urnas mortuárias e paletes. A serraria oferece produtos, que variam desde materiais acabados, como decks, forros e paredes, até produtos desdobrados, como aqueles destinados às já citadas embalagens de granito e paletes. Um dos destaques é o deck de pinus tratado, que possui garantia de dez anos e oferece uma alternativa sustentável e durável para materiais provenientes de florestas nativas.

ES vai receber a maior feira do setor produtivo de madeira do Brasil

A produção florestal, uma das pontas da cadeia produtiva madeireira, será um dos destaques da “Espírito Madeira- Design de Origem 2023”, de 14 a 16 de setembro, no Centro de Eventos Padre Cleto Caliman, o “Polentão”, em Venda Nova do Imigrante, na região Serrana capixaba. A feira é considerada o maior evento do setor produtivo de madeira do Brasil e promete conectar toda a cadeia, desde o produtor florestal até o design, envolvendo diversos profissionais do setor, como arquitetos, designers, engenheiros e empresários, além de atrair grandes stakeholders do mercado e empresas de outros Estados. A atividade florestal desempenha um papel significativo na economia capixaba. Gerando mais de 66 mil empregos e uma renda superior a um bilhão de reais anualmente, o setor florestal tem um impacto substancial na geração de riqueza e oportunidades de trabalho. Os dados são do estudo elaborado pelo Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro) com dados da economia florestal de 2021. Também foi identificado que a área estadual ocupada por eucalipto (264.298,73 ha) e pinus (1.823,40 ha) é insuficiente para suprir a demanda dos diferentes segmentos consumidores, dimensionada em 13.363.906,41 m³ de madeira por ano, pois seriam necessários 425.602,00 ha de plantios (417.675 ha de eucalipto e 7.927 ha de pinus). Assim, o déficit total de madeira é de 159.481 ha. Um aspecto importante do setor florestal é sua contribuição para a preservação ambiental. Segundo o já citado estudo da Cedagro, a cada 100 hectares de área ocupados por plantações de eucalipto no Espírito Santo, 54 ha são mantidos como áreas preservadas. De modo geral, aproximadamente 34% da extensão total das empresas relacionadas ao setor florestal são compostas por florestas naturais preservadas. Esse comprometimento com a conservação também se reflete nas iniciativas de restauração florestal, que somam um total de 15.850,74 hectares nos últimos dez anos.

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio Colunista
Colunista
Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.