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Futura: quase 90% das rochas naturais beneficiadas no Espírito Santo são exportadas pelo Rio de Janeiro

Um dos motivos que colocam o Espírito Santo em destaque no mercado global de rochas ornamentais é o alto volume de comercialização de rochas naturais beneficiadas. Segundo um relatório divulgado pela Futura Inteligência, do total de material exportado pelo estado, 65% do volume correspondeu a rochas trabalhadas, o que representa 85,7% da receita total, devido ao alto valor agregado. Porém, apesar da vocação do Espírito Santo nesse segmento, quase 90% das rochas beneficiadas no estado são exportadas pelo sistema portuário do Rio de Janeiro.

Avanços na infraestrutura devem tornar o Espírito Santo mais competitivo, avalia diretor da Futura

Segundo a Futura, do total de rochas naturais exportadas pelo Espírito Santo, 65% do volume correspondeu a rochas trabalhadas, o que representou 85,7% da receita total em 2022, o equivalente a US$ 899 milhões. O processo de beneficiamento das rochas agrega valor ao produto à medida que o preço por tonelada das rochas trabalhadas é, em média, três vezes maior que o preço das rochas in natura. Além disso, quase 80% da demanda mundial atual é por rochas beneficiadas, o que torna o perfil de exportações do Espírito Santo ainda mais atrativo O Porto de Vitória é o principal meio de escoamento das exportações de rochas. Das 2,4 milhões de toneladas de rochas exportadas pelo Brasil em 2021, 64% foram movimentadas pelo Porto de Vitória. Porém, a maior parte das rochas que saíram do Brasil pelos portos capixabas são na forma bruta. Mesmo o Espírito Santo sendo o maior produtor de rochas trabalhadas, cerca de 89% dessa produção deixou o Brasil pelo porto do Rio de Janeiro. Os principais gargalos citados pelos produtores de rochas ornamentais do Espírito Santo entrevistados pela Futura são os altos custos de serviços portuários (64%), infraestrutura logística precária (51%), carga tributária (32%) e deficiência portuária (18%). Temas relacionados à infraestrutura foram os mais lembrados. Outro gargalo do setor está ligado à malha rodoviária, segundo a Futura. Duas importantes rodovias federais percorrem o Espírito Santo, sendo elas a BR-101 e a BR-262. O trecho da BR-262 localizado em terras capixabas tem 196 km, mas apenas 15 km são duplicados. O principal entrave, entretanto, é na BR-101. Embora seja a rodovia de maior importância no estado, com 458 km, possui menos de 20% do trecho duplicado. Para Heitor Fernandes, diretor-executivo da Futura Inteligência, os investimentos em infraestrutura em curso no Espírito Santo podem viabilizar mais exportações de rochas beneficiadas pelo sistema portuário do estado. “Apesar de o Espírito Santo possuir capacidade para exportar rochas ornamentais, atualmente o fluxo logístico está mais concentrado no Rio de Janeiro. Contudo, se houver um aumento no fluxo para o estado, é possível reduzir o custo logístico para as empresas de rochas e aumentar a competitividade das capixabas em relação a concorrentes de outras partes do mundo. Isso se deve ao fato de que as empresas de rochas têm considerado cada vez mais o custo logístico como um fator importante para sua competitividade”, analisa Fernandes. “Com os avanços nos empreendimentos de infraestrutura no Espírito Santo, é possível vislumbrar um cenário mais competitivo, com um maior fluxo de mercadorias no sistema portuário capixaba e mais rotas disponíveis. Com isso, há a possibilidade de diminuir o custo logístico para as empresas de rochas, sem a necessidade de realizar cabotagem antes da exportação”, completa o diretor-executivo da Futura.