Os desafios logísticos enfrentados pelos portos brasileiros resultaram em perdas significativas para a exportação de café. No Espírito Santo, aproximadamente 65.665 sacas da commodity, equivalentes a 199 contêineres, não foram embarcadas em janeiro, causando a não entrada de R$ 132,9 milhões, considerando o preço médio do café de US$ 336,33 e a média do dólar de R$ 6,0212.
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ES tem 65.665 mil sacas de cafés em portos por gargalos logísticos
Segundo levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o Brasil deixou de receber cerca de US$ 226,05 milhões (R$ 1,361 bilhão) em receitas cambiais no primeiro mês do ano, devido a atrasos, alterações nas escalas dos navios e rolagens de cargas.
No total, 672.113 sacas de café (2.037 contêineres) ficaram retidas nos portos brasileiros. Os gastos adicionais com armazenagem, detentions, pré-stacking e antecipação de gates alcançaram R$ 6,1 milhões apenas em janeiro, acumulando R$ 57,7 milhões desde junho de 2024, quando o Cecafé iniciou o monitoramento desses problemas.
Brasil deixa de receber R$ 1,361 bilhão como receita cambial
Segundo o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, do volume total acumulado de 1,8 milhão de sacas que estava represado nos portos até dezembro de 2024, cerca de 1,2 milhão foi embarcado no mês passado, o que justifica o bom volume de 3,9 milhões de sacas que o Brasil exportou em janeiro.
“O (café) que estava parado nos portos até dezembro vem saindo aos poucos, pois o Brasil está em período de entressafra e com menor oferta disponível, lembrando que o país bateu um recorde anual de 50,5 milhões de sacas exportadas em 2024. Contudo, nossos associados informaram que o cenário logístico, apesar de apresentar melhoras em janeiro por conta da oferta reduzida, permanece desafiador, com muitos entraves e despesas adicionais elevadas, não previstas, e que essa pseudo sensação de melhoria deve permanecer até a chegada da nova safra”, explica.
Ele completa que, apesar dos investimentos anunciados nos portos serem muito importantes para o comércio exterior brasileiro, o reflexo dessas medidas será sentido somente mais a frente e o agronegócio nacional precisa de “ações céleres e urgentes” para evitar a continuidade dos prejuízos logísticos.
“O esgotamento da infraestrutura nos portos é uma realidade que afeta diversas cargas conteinerizadas. É importante reconhecer os esforços que os terminais portuários estão empenhando para seguir atendendo os exportadores de café, bem como a obstinada busca pelo diálogo, tanto dos agentes privados do comércio exterior, quanto das lideranças públicas, como autoridades portuárias, Ministério de Portos e Aeroportos e da (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) ANTAQ, que demonstram crescente interesse em informações reais, como os dados apurados pelo Cecafé, para entenderem os desafios e buscarem soluções”, comenta.
Raio-X dos atrasos
O Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, revelou que 67% dos navios enfrentaram atrasos ou mudanças de escala nos principais portos do Brasil em janeiro. O Porto de Santos, responsável por 75,3% das exportações de café, registrou um índice de 77% de alteração de escalas, impactando 122 dos 158 navios de carga.
No Rio de Janeiro, segundo maior exportador de café do país, 70% das embarcações sofreram atrasos, com períodos de espera chegando a 35 dias. No Porto de Santos, o tempo máximo de espera foi de 40 dias, afetando diretamente o fluxo das exportações.
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