Representantes dos grupos Allure e Arara Azul assinaram um memorando de entendimentos para a construção do Terminal Nova Holanda, entre a EAMES e a Prainha de Glória, em Vila Velha. Os empreendedores querem atrair para o Espírito Santo um mercado bilionário que até então é explorado por outros estados e até outros países: o descomissionamento (ou desmontagem) de plataformas de petróleo. Uma estrutura de grande porte pode ter investimento na casa R$ 1,5 bilhão nesse processo – e o estado está deixando dinheiro na mesa.
Descomissionamento pode movimentar indústria metalúrgica e de resíduos
O Terminal Nova Holanda (TNH) terá características competitivas para atrair a atividade de descomissionamento. O porto estará localizado em águas abrigadas, próximo a campos de exploração de petróleo e gás, com uma área inicial livre para cargas de 92.600 m2. O píer terá 525 m livre para atracação, calado de 12,5 m, heliporto e um futuro parque de tanques. O investimento previsto é de R$285 milhões. A primeira atracação poderá acontecer 22 meses após o início das obras. Hoje, as plataformas de petróleo são descomissionadas no Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul ou até no exterior. A plataforma FPSO Capixaba, por exemplo, foi enviada para um estaleiro dinamarquês para ser desmontada. Na prática, o Espírito Santo está perdendo um volume bilionário de negócios, afinal, os donos das plataformas devem, obrigatoriamente, investir no descomissionamento. MERCADO EM ALTA Os empreendedores do Nova Holanda projetam que o Brasil deve desenvolver dezenas de operações de descomissionamento nos próximos anos. “O Brasil tem cerca de 330 plataformas de petróleo em operação no mar e mais de 30 já tem previsão de entrar em descomissionamento”, afirma Hugo Marques, um dos responsáveis pelo projeto. Na avaliação dos empreendedores, o Espírito Santo não tem outras alternativas claras para entrar nesse mercado no curto prazo. O Estaleiro Jurong está focado no atendimento à Marinha Brasileira na próxima década. O porto da Imetame, bem como os terminais da VPorts, não sinalizaram a intenção de entrar nesse tipo de operação. Além da atividade de descomissionamento, o Nova Holanda acredita que pode a cadeia de processamento de resíduos e reciclagem de materiais como o aço no estado. “Estamos perto de um centro urbano com indústrias metalúrgicas, como a Simec, que favorece o aproveitamento de materiais de alto valor agregado provenientes das plataformas”, afirma Hugo Marques.
- “Sinalizamos para o empreendedor que o estado tem todo o interesse de receber esse investimento, para aumentar a nossa área portuária disponível”, comentou o vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço.