Se as últimas eleições federais e estaduais foram fortemente pautadas pela polarização entre esquerda e direita, seria possível que as eleições municipais tomassem o mesmo rumo? Na visão de José Luiz Orrico, diretor político da Futura Inteligência, neste ano o eleitor está mais inclinado a avaliar aspectos ligados à administração municipal, como prestação de serviços, em detrimento às posições ideológicas. A seguir, Orrico escreve sobre o processo de mapeamento político e econômico das principais cidades brasileiras realizado pela Futura.
José Luiz Orrico | A Futura Inteligência está desenvolvendo um projeto para o ano de 2024 que combina análises dos setores econômicos com o monitoramento eleitoral nas principais cidades brasileiras. Chamamos esse projeto de 100% Cidades. Nossa intenção é que ele abranja, no mínimo, as 27 capitais estaduais e outras 73 cidades entre as maiores do país. No final do ano passado, realizamos uma rodada de testes em 15 capitais, focada no monitoramento eleitoral. Agora, no início deste ano, estamos conduzindo o primeiro levantamento setorial econômico, que inclui as áreas de turismo e mobilidade urbana. Durante a rodada de testes políticos, observamos que nos municípios onde os prefeitos são candidatos à reeleição e desfrutam de uma boa avaliação, será extremamente difícil para os outros candidatos competirem com reais chances de vitória. Por outro lado, nos municípios onde os prefeitos têm uma avaliação negativa e buscam a reeleição, os outros candidatos têm vantagem na disputa. Com esses resultados eleitorais preliminares em mãos, gostaria de trazer para discussão uma tese que difere do que tem sido amplamente debatido nos círculos políticos e na mídia especializada, especialmente no que diz respeito à polarização das eleições municipais. Não creio que a polarização seja tão predominante nas eleições municipais como muitos argumentam. É claro que em cidades de grande porte, como São Paulo, isso pode ser mais relevante, especialmente porque o atual prefeito não foi eleito diretamente; ele era o candidato a vice-prefeito e não estava listado na cédula. Com a morte do titular, Bruno Covas, ele assumiu o cargo. Lá, tanto a direita quanto a esquerda podem tentar polarizar a eleição com base em ideologias, mas não há garantia de que os eleitores de São Paulo votem com base nessas questões.