Lula anunciou Aloizio Mercadante (PT) como presidente do BNDES, sinalizando um retorno da política desenvolvimentista adotada no segundo Governo Lula e nos governos de Dilma Rousseff, e que foi abandonada na sequência. A coluna analisa alguns dos resultados da instituição nesses dois momentos distintos. Me siga nas redes sociais:  Instagram  Twitter  YouTube

O BNDES nos Governos do PT e o BNDES em Temer e Bolsonaro

Entre 2008 e 2014, o Brasil por meio de recursos do BNDES mais do que os norte-americanos desembolsaram no Plano Marshall para reconstruir a Europa após a 2º Guerra Mundial. Apesar do volume de recursos emprestados pela instituição financeira, próximo a R$ 400 bilhões, a chamada nova matriz econômica adotada pelos governos petistas fracassou, resultando na maior recessão econômica que o país já teve. O resultado é que hoje a renda dos brasileiros é em média menor do que era em 2012. Ou seja, vivemos uma nova década perdida. A partir do Governo Temer, contudo, houve mudanças na política econômica e no BNDES. Sem dinheiro, houve a aprovação do fim da TJLP, que permitia crédito subsidiado por meio do BNDES. Também foi adotado um conjunto de políticas fiscalistas, com o corte de subsídios e a aprovação de reformas que equilibrassem o gasto público, como a regra do Teto de Gastos e a reforma da previdência, que trouxeram maior estabilidade macro e possibilitaram a queda na taxa de juros. Resultado: a captação das empresas brasileiras pelo mercado de capitais multiplicou por quase 5 vezes, conforme o gráfico ao lado. Isso significa que mesmo sem o protagonismo do BNDES, as empresas conseguiram captar mais recursos com investidores para financiar seus investimentos, que geraram empregos, renda, maiores ganhos de inovações e produtividade. Há um outro fator de prejuízo da política anterior adotada nos campeões nacionais, pois resultava em empresas que tinham privilégios no crédito que tinham um caráter altamente anticompetitivo. O governo simplesmente escolhia quem teriam as melhores armas para vencer na economia de mercado, prejudicando os demais. O início do governo eleito de Lula sinaliza o retorno da política anterior. A aprovação da PEC do Estouro, que amplia as despesas em quase R$ 200 bilhões, pressionará o risco fiscal e a manutenção de uma alta taxa de juros. Já a presidência de Mercadante indica o retorno de um protagonismo na concessão de crédito subsidiado, além de uma taxa de juros básica mais elevada — ambos fatores que tendem a mitigar o desenvolvimento do mercado de capitais e da iniciativa privada, o oposto do que deveria ser feito para o país prosperar.