O Brasil exportou 3,9 milhões de sacas de café em janeiro de 2024, volume que representa recorde histórico para o primeiro mês de cada ano e significa crescimento de 39% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho resultou em uma receita cambial de US$ 802,5 milhões, representando um avanço de 30,4%, conforme dados fornecidos pelo Cecafé.

Desempenho histórico foi puxado pela disparada de 503,5% nos embarques de conilon e robusta

Em janeiro deste ano, destaca-se as remessas da espécie canéfora, composta pelas variedades conilon e robusta. Elas tiveram uma evolução de 503,5%, totalizando 457.787 sacas, o que representa 11,56% do total exportado. Enquanto isso, o café arábica manteve a liderança, com 3,2 milhões de sacas (80,98%), seguido pelos produtos do segmento solúvel, com 293.467 sacas (7,41%), e do setor de torrado e torrado e moído, com 1.898 sacas (0,05%). O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, comenta que a performance das exportações brasileiras de café em janeiro foi boa, principalmente diante do cenário global de conflitos geopolíticos, que têm impactado o tráfego de navios no Mar Vermelho; da forte seca na região do Canal do Panamá, diminuindo o fluxo de embarcações; e da continuidade dos gargalos logísticos no Brasil. “Até o momento, não tivemos impacto concreto nos embarques de café do Brasil, mas temos ciência que, se permanecerem os ataques na ligação entre o norte da África e o Oriente Médio, assim como a falta de chuvas na América Central, certamente a elevação nos custos dos fretes ou a escassez de embarcações poderá complicar ainda mais o cenário no Brasil, onde os exportadores já têm se deparado com alta nos custos devido a constantes atrasos e alterações nas escalas dos navios e curtos períodos de aberturas de gates“, analisa. O Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup de tecnologia no segmento logístico ElloX Digital em parceria com o Cecafé, revela que o índice de alteração de escalas e atrasos de navios com café no Porto de Santos, por exemplo, alcançou 85% em janeiro de 2024. Essa situação agravou um cenário já crítico, que havia registrado seus maiores percentuais nos três últimos meses de 2023: 76% em outubro e dezembro, e 81% em novembro. “Esse problema se alastra desde o ano passado, quando ciclones e tempestades tropicais ocorreram na Região Sul do Brasil e direcionaram as embarcações dos portos sulistas para outros destinos, como Santos, o que gerou acúmulo de cargas nos demais complexos portuários brasileiros. Diante disso, os exportadores de café têm enfrentado adiamentos regulares de embarques e curto tempo de abertura de gates devido aos pátios estarem lotados de contêineres, o que dificulta o recebimento de outras cargas em função das limitações físicas de espaço no terminal santista”, revela. Apesar dos desafios logísticos e problemas de infraestrutura, Ferreira salienta o crescimento das exportações cafeeiras do país, impulsionadas principalmente pelo desempenho das variedades canéforas. Ele observa que o robusta e o conilon brasileiros continuam altamente competitivos no mercado mundial, preenchendo o déficit ocasionado por quebras de safra em importantes produtores, como Vietnã e Indonésia, primeiro e terceiro maiores produtores mundiais da variedade, respectivamente. Isso é evidenciado pelo aumento exponencial das importações de café brasileiro por parte desses países. No que diz respeito aos principais destinos das exportações brasileiras de café, o desempenho positivo também é impulsionado pelo aumento das compras por parte dos principais parceiros comerciais. Durante o inverno no Hemisfério Norte, o consumo de café aumenta, e essa demanda é naturalmente atendida pelas origens produtoras, incluindo o Brasil. No mês passado, a Alemanha assumiu a liderança do ranking, seguida pelos Estados Unidos, Bélgica, Japão e Itália. Além disso, o aumento das importações de café do Brasil por parte das nações do Hemisfério Norte reflete-se no crescimento das remessas do produto para os continentes da parte superior do planeta. A Europa, América do Norte e Ásia experimentaram aumentos significativos nas compras de café brasileiro em janeiro de 2024, indicando uma tendência de crescimento nas exportações para essas regiões.

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio Colunista
Colunista
Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.