A convite da Associação dos Cafeicultores da Região das Matas de Rondônia (Caferon) a colunista de Agro Business esteve em Rondônia na última semana para participar da Expedição Robustas Amazônicos. O encontro foi organizado pelo Coffea Trips, SEBRAE-RO e Cacoal Selva Park. Foram escolhidos comunicadores da cultura do café e baristas do Brasil para colocar o pé na estrada e ter uma experiência “cafeinada” na região amazônica. A expedição contou com cupping de cafés, palestra com a Embrapa Rondônia sobre a base histórica da região, dinâmica sobre essência e origens do café, visita aos produtores para cobrir ainda um pouco da colheita e até visita às tribos indígenas que produzem cafés especiais. Atualmente, Rondônia é o 5º maior produtor de café do país e o maior produtor da região Norte. Dessa, forma, particularmente, refleti sobre a cafeicultura dessa localidade e como podemos aprender com as suas boas práticas.
Importância do Café para Rondônia
O café chegou em Rondônia na década de 1970 trazido por colonos principalmente do Espírito Santo e Paraná. Contudo, apenas com a pesquisa aplicada que melhorou genética e permitiu a adoção de novas técnicas para preparar o solo, foi possível distribuir as plantas na lavoura, irrigá-las e aprimorar o manejo da lavoura. De acordo com estudo elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa Rondônia, durante a última década, a área dedicada ao cultivo do fruto diminuiu e a produção aumentou. Em 2001, por exemplo, os rondonienses dedicavam 318 mil hectares de suas lavouras ao café e produziam 1,9 milhão de sacas. Hoje, com uma área plantada 78% inferior à de 2001, 71 mil hectares, a produção atinge o patamar de 2,3 milhões de sacas. A região amazônica também acaba de ser reconhecida com a primeira Indicação Geográfica (IG) sustentável do mundo para as Matas de Rondônia para Robustas Amazônicos de café canéfora (robusta e conilon). Este reconhecimento foi concedido em junho pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e consolida a qualidade dos cafés da espécie Coffea canephora.
Mas, afinal, o que podemos aprender com a cafeicultura de Rondônia?
- As transformações positivas que estão acontecendo na cafeicultura em Rondônia têm colocado o estado em destaque no cenário produtivo nacional e também internacional. Apesar de estar na 5º posição nacional, eles têm investido na produção de robustas finos, cafés especiais com aromas e sabores exóticos. Um nicho que também poderia ser explorado no ES e possui mercado imenso a ser explorado e conhecido
- É um momento importante para os Robustas e os conilons, pois o mercado está começando a reconhecer a qualidade dos cafés como os de origem. Além das grandes empresas, há mercados de microlotes e lotes pequenos para torrefações.
- Não adianta disputa entre egos por espécies de café (Arábica vs Canephora). Todos são cafés e são produtos com sabores diferentes. Cada um terá o seu mercado específico.
- A Indicação Geográfica (IG) traz benefícios para todos. A partir dela, a associação da região já está em negociação com 13 países para exportação. Além disso, o anúncio do reconhecimento já trouxe visibilidade para a região e já está sendo trabalhado formas de ampliar o turismo. Será que no ES usamos com sabedoria nossas IG’s?
- É preciso ter união. O que mais presenciei em Rondônia foi a união dos atores da cadeia da cafeicultura dialogando. Pequenos e grandes produtores, compradores, governo, instituições de pesquisa e profissionais da área. Durante a expedição de 5 dias, passaram pelo evento o governador do estado, vice-governador, secretários, deputados e até o prefeito do município sede. No Espírito Santo, teríamos esse tipo de articulação dentro da cadeia do café?