Orlando Caliman: a economia capixaba é mais vulnerável à economia americana?

Pelas características de sua pauta de exportação, a economia capixaba apresenta uma exposição maior do que a média nacional aos mercados dos Estados Unidos. A afirmação é de Orlando Caliman, economista e diretor econômico da Futura. Enquanto nas exportações do Espírito Santo os Estados Unidos representam cerca de 27,5% em termos anuais, na média do Brasil essa participação é de apenas de 12%. Entenda.

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Por Orlando Caliman*

Em outras palavras, o grau de abertura da economia capixaba em relação ao mercado americano tem se apresentado significativamente mais elevado do que a média nacional. Por grau de abertura entende-se a relação entre o fluxo total do comércio, isto é, exportação mais importação, sobre o PIB. Em 2024, por exemplo,  o grau médio de abertura da economia brasileira considerando os EUA foi de 4,2%. Para o Espírito Santo: 14,8%.

Se abrirmos a composição do grau de abertura separando exportações de importações, vamos observar que a diferença entre o Espírito Santo e Brasil é ainda maior. Chegou a ser 4,5 vezes maior do que a média nacional: 9% contra 2%.

Se a maior exposição já representa potencialmente maior risco, por outro lado a concentração em poucos produtos passa a ser um agravante. Cerca de cinco produtos responderam por 90% das exportações do Espírito Santo para os EUA em 2024. No topo da lista aparece o grupo do Aço (aço, outras ligas de aço e ferro fundido), com a participação de 36%. Na sequência: Rochas Ornamentais (22%), Celulose (18%), Minério de Ferro (13%) e Café (5%).

Mas, no momento que escrevo o presente artigo, o estado da arte, e aqui estou utilizando “arte” como ato de arteiro, mesmo com o recuo mais recente, este compulsório, nada indica que teremos dias mais amenos. Até porque trégua de 90 dias, em se tratando de economia, é bem diferente da trégua em guerra real. O ambiente de desconfiança geral já está posto. E a taxa sobre taxa de 25% está mantida para o aço do Espírito Santo.

Espalhada a desconfiança geral, nunca se sabe exatamente o que poderá vir pela frente. O momento é de recálculos e definições sobre novas estratégias a serem adotadas por países, mas sobretudo pelas empresas que operam em mercados internacionais.

Porém, agora, sob olhares mais aguçados sobre potenciais riscos. Isso porque a opacidade do horizonte de visão provocada pela desconfiança em patamar mais elevado ainda se manterá por período indeterminado.

*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência

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Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.