Como regra geral, o crescimento econômico e o desenvolvimento humano são processos que se autoalimentam. Enquanto o primeiro possibilita aos cidadãos maiores oportunidades de acesso e participação na riqueza produzida, principalmente pela via da produtividade, o segundo proporciona condições crescentemente favoráveis e motivacionais para se crescer ainda mais. Ambos compõem o que podemos denominar de circuito virtuoso do desenvolvimento.
Nesse processo de crescer ainda mais, analisando a economia brasileira em anos recentes, observa-se que algumas regiões e estados se destacaram mais que outros. Movimento que é explicado, principalmente, pelo fato de abrigarem verdadeiros circuitos virtuosos de desenvolvimento, que são alimentados por também respectivos virtuosos circuitos de capitais – investimentos produtivos.
No conjunto, formam mercados regionais em expansão. Afinal, todos eles cresceram acima da média nacional nos últimos 20 anos e se situam também na porção superior dos rankings dos principais indicadores econômicos, de competitividade e de desenvolvimento humano.
Compõem esse grupo seleto de mercados regionais, por exemplo, os estados do Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, fixando-me nos mais representativos. Cada um com suas especificidades, mas também guiados por alguns fatores que lhes são comuns.
Nesses estados, o circuito virtuoso do desenvolvimento apresenta-se ainda mais potente, especialmente na construção de ambientes propícios aos negócios e investimentos produtivos, quando os seus frutos – resultados – são efetivamente avaliados e percebidos pelas suas populações.
Foi em busca dessa associação entre crescimento econômico e desenvolvimento humano, este último traduzido no IDH – Índice de desenvolvimento Humano – que a Futura/Apex empreendeu uma pesquisa nacional com amostra de 9.900 entrevistados.
Numa síntese dos resultados da pesquisa ficou evidente que aqueles estados integrantes do grupo seleto de mercados regionais, além de despontarem nos seus respectivos indicadores econômicos e de desenvolvimento humano, também se destacaram nas suas respectivas avaliações e percepções por parte das suas populações sobre a qualidade dos serviços prestados na educação, saúde e segurança.
Em todos esses componentes as avaliações resultaram superiores nesses estados, comparativamente à média nacional; com destaque para a educação. Nesse quesito as avaliações “ótimo” e “bom” superaram as médias nacionais em todos os quesitos avaliados: Educação Pública, 55% contra 41%; Qualidade do Ensino, 55% x 41%; Estrutura das Escolas, 56% x 43%; e Qualidade dos Professores, 70% x 65%.
Da mesma forma na saúde, com a saúde pública avaliada com “ótimo” e “bom” em 44%, contra a média nacional de 30%. O SUS, com 46%, contra 34%. Hospitais públicos: 48%, contra 36% e profissionais da saúde 63%, ante 58% na média nacional.
Na segurança, um problema de dimensões nacionais, as distâncias se mostraram ainda maiores. Na segurança pública: 47%, contra média nacional de 28%. Infraestrutura de segurança: 61%, ante 49%. E qualidade dos policiais: 65%, contra 53%.
Toda essa ambiência regional, que espelha um Brasil que está dando certo, fortalece a tese de que o país pode crescer mais e de forma mais sustentável e sustentada apostando nos potenciais e oportunidades dos mercados regionais.
*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência