Pesquisa capixaba reduz tempo de avaliação da fertilidade de touros e impulsiona reprodução bovina

Um estudo desenvolvido no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Alegre, promete revolucionar a pecuária ao acelerar a avaliação da fertilidade de touros jovens. A pesquisa busca reduzir pela metade o tempo necessário para esse processo, que hoje pode levar até cinco anos, permitindo decisões mais rápidas e eficientes na reprodução do rebanho.

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Nova técnica pode cortar pela metade tempo de avaliação de touros

A partir desses espermatozóides, novos bezerros ganharão vida por meio da inseminação artificial. O sucesso desse processo pode resultar em um rebanho mais eficiente, tanto na reprodução quanto na produção de carne e leite.

De acordo com o IBGE, em 2023, o Espírito Santo contava com um rebanho de mais de 2 milhões e 100 mil cabeças de gado. E para melhorar a qualidade genética desses animais, um estudo inovador está sendo desenvolvido no campus da Universidade Federal do Espírito Santo, em Alegre.

Segundo José de Oliveira Carvalho Neto, chefe do laboratório de reprodução animal da Ufes, o objetivo é prever, de forma antecipada, a fertilidade dos touros ainda jovens.
“Nós publicamos o primeiro trabalho nessa linha em 2018. Desde então, já desenvolvemos mais de quatro estudos, e o quinto está em andamento. Buscamos sempre estimar ou predizer a fertilidade do touro in vitro antes da comercialização do sêmen para inseminação artificial”, explica o pesquisador.

A pesquisa é realizada em parceria com três instituições: a Ufes, a Universidade de São Paulo e a Embrapa, em Brasília. No laboratório, o uso do microscópio permite analisar em detalhes o comportamento e a qualidade dos espermatozoides.

Hoje, avaliar a fertilidade de um touro jovem pode levar cinco anos ou mais. Mas com esse novo teste, os resultados poderão ser obtidos de forma muito mais rápida e precisa.

“Vamos conseguir antecipar as respostas. Com dois anos de idade, ou assim que o touro começar a produzir sêmen, já será possível coletar, aplicar o teste e estimar a fertilidade que ele terá futuramente. Com isso, conseguimos utilizar o touro com muito mais precisão, ainda jovem, o que hoje não é possível”, destaca José.

Impacto econômico e perspectivas futuras

A fertilidade dos touros impacta diretamente a economia das fazendas. Um animal com baixa fertilidade pode comprometer toda uma safra de bezerros, gerando prejuízos significativos. Por outro lado, animais com alto desempenho reprodutivo garantem maior produtividade e lucro.

O teste ainda não está disponível para uso comercial, mas a demanda já é real.
“Recentemente estive em um congresso da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões e, conversando com representantes de empresas que comercializam sêmen, percebi um grande interesse nesse tipo de avaliação. Embora ainda estejamos na fase experimental, há uma expectativa muito positiva em torno desse avanço”, afirma o pesquisador.

Para o produtor rural, a inovação representa a possibilidade de aprimorar a eficiência do rebanho, seja na pecuária de corte ou na produção leiteira. A equipe de pesquisa está otimista com o futuro.

“Eu creio que daqui a quatro ou cinco anos teremos um volume maior de resultados. Com isso, será possível iniciar uma nova etapa do estudo, levando esse teste para uma aplicação comercial, mesmo que em pequena escala, para validar sua viabilidade no campo”, conclui.

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio

Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.