Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os preços de alimentos a nível mundial recuaram pela primeira vez em 12 meses. O índice atingiu 124,6 pontos, representando queda de 2,5% em relação a maio, mas ainda está 33,9% acima na comparação anual, isto é, se comparado a junho de 2020. Acompanhe Stefany Sampaio no Programa Mundo Business
Destrinchando os resultados
Em linhas gerais, esse fenômeno foi puxado pelas reduções em óleos vegetais, cereais e, moderadamente, nos lácteos. Por outro lado, o que ainda mantém a alta em relação a 2020 são as altas das carnes e do açúcar. Na primeira categoria apresentada, a queda foi de 9,8% no mês, puxada principalmente pelos movimentos nos óleo de soja, girassol e palma. Ainda, os preços de cereais da FAO caíram 2,6% na comparação mensal, mas permaneceram 33,8% acima de seu valor em junho de 2020. Os preços internacionais do milho caíram em torno de 5%, liderados pela forte queda na Argentina, graças ao aumento da oferta. As cotações internacionais do trigo recuaram 0,8% no mês passado, dada a perspectiva de oferta global favorável. Para a categoria de laticínios, a redução foi de 1%. Entre os subprodutos, a manteiga liderou, sustentada pela menor demanda global de importação e um ligeiro aumento nos estoques, principalmente na Europa. Já para o açúcar houve uma escalada de 0,9% no mês, marcando o terceiro aumento mensal consecutivo e atingindo um novo máximo em anos. Segundo um relatório da organização, as incertezas sobre o impacto das condições climáticas desfavoráveis sobre a produtividade das safras do Brasil, maior exportador mundial de açúcar, exerceram pressão de alta sobre os preços. As carnes subiram 2,1% no mês até junho, pelo nono período consecutivo. O índice ficou 15,6% acima do valor do mesmo mês no ano passado, mas ainda 8% abaixo do pico alcançado em agosto de 2014, por exemplo.
O que esses números significam?
No geral, esses resultados evidenciam as inúmeras variáveis que influenciam o agronegócio. Em casos de oferta global liderada majoritariamente por um país, como ocorre com o café ou o açúcar brasileiro, fatores climáticos e a taxa de câmbio determinam consideravelmente a oferta global e, consequentemente, os preços. Por isso, para os próximos meses, é essencial acompanhar os desdobramentos da crise hídrica que já afeta alguns estados do país. As incertezas em torno desse fenômeno poderão moldar os preços no mercado internacional.