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A produção de ovos no Brasil alcançou 57,6 bilhões de unidades em 2024, um aumento de 9,8% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O Espírito Santo se destaca nesse cenário, respondendo por mais de 9% do total nacional. Dados da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves) mostram que o estado produziu 5,2 bilhões de ovos em 2024, um crescimento de 15,6% em comparação a 2023.
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Espírito Santo produziu 5,2 bilhões de ovos em 2024
A produção de ovos no Espírito Santo vem se recuperando após um período de retração. Em 2020, o estado produziu cerca de 5,6 bilhões de ovos, mas os altos custos dos grãos entre 2020 e 2021 afetaram a atividade, reduzindo a produção em 22% até 2022. Conforme divulgamos anteriormente, em 2023, a produção capixaba ficou em 4,5 bilhões de ovos.
O diretor-executivo da Aves, Nélio Hand, explica que essa retomada vem acontecendo gradualmente.
“Entre 2022 e 2023, a produção cresceu 5%, e agora, de 2023 para 2024, o avanço foi de 15%. Mas, se compararmos com 2020, ainda estamos 7% abaixo daquele volume”, destaca. Segundo ele, a disparada nos preços dos insumos impactou a atividade. “A saca de milho, por exemplo, subiu quase 120%”, pontuou.
Destino da produção de ovos
A maior parte dos ovos produzidos no Espírito Santo vai para o Rio de Janeiro, que absorve 40% da produção estadual. A Bahia vem em seguida, com 23%, e Minas Gerais, com 9%. O consumo local representa 21%, enquanto outros estados do Nordeste, Centro-Oeste e Norte também compram o produto capixaba.
Outro monumento da ave está fixado perto da prefeitura.
Santa Maria de Jetibá lidera a produção estadual, concentrando 92% do total, seguida por Santa Leopoldina (2%). Municípios como Santa Teresa, Venda Nova do Imigrante e Domingos Martins complementam essa atividade. O município de Santa Maria de Jetibá também se destaca nacionalmente, sendo o maior produtor de ovos do Brasil, de acordo com o IBGE.
“Isso se deve muito à característica da cultura pomerana, presente na região, que tem forte afinidade com a avicultura. Além disso, o clima e a topografia favorecem essa produção”, explica Hand. Além dos ovos de galinha, o Espírito Santo se sobressai na produção de ovos de codorna, e Santa Maria de Jetibá corresponde por 98% deste segmento no estado.
Biossegurança reforçada contra a gripe aviária
Desde a confirmação dos primeiros casos de H5N1 no Brasil em aves silvestres migratórias, em maio de 2023, os avicultores capixabas vêm adotando medidas rigorosas para proteger a produção.
“As granjas reforçaram a proteção dos núcleos de produção com o telamento dos galpões, o cercamento das propriedades e o controle rigoroso de acesso de veículos e pessoas. Além disso, intensificaram o combate a pragas e roedores para evitar qualquer risco de contaminação”, destaca Hand.
As ações seguem protocolos de biosseguridade que já existem há cerca de 20 anos, mas foram fortalecidas após o aumento de registros da doença, mesmo não ocorrendo casos em produção comercial. “Casos continuam surgindo nos Estados Unidos, Europa e outros países. Por isso, seguimos em alerta, preparados para qualquer eventualidade”, reforça o diretor da Aves.
Avicultura impulsiona economia capixaba e projeta crescimento em 2025
A avicultura tem papel essencial na economia do Espírito Santo, gerando empregos, movimentando setores como transporte e serviços e fortalecendo a agricultura. Além da produção de ovos e frangos, a atividade tem forte ligação com a produção agrícola por meio do fornecimento de esterco, um adubo orgânico fundamental para culturas como hortaliças e frutas.
“O setor avícola produz mais de 70 mil toneladas de esterco mensalmente, que são direcionadas para diversas atividades agrícolas e até para o reflorestamento”, explica Nélio Hand.
Além disso, a avicultura capixaba emprega diretamente mais de 20 mil pessoas e impacta mais de 100 mil famílias, seja na agricultura ou em segmentos correlatos.
Para o próximo ano, o setor avícola brasileiro deve crescer em torno de 2,5%, segundo a ABPA. No Espírito Santo, a tendência é de um avanço um pouco maior, impulsionado pelo processo de recuperação da produção, que ainda não voltou ao patamar de 2020.
“O estado vem crescendo acima da média nacional nos últimos anos e deve seguir nessa trajetória, ainda que de forma mais moderada”, analisa Hand. O setor também acompanha de perto os custos de produção e a concorrência com outras proteínas.
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