A produção de papel e celulose acumula alta de 16,7% de janeiro a setembro deste ano. O segmento foi o responsável pelo melhor desempenho entre as indústrias de transformação e outros setores industriais do Espírito Santo, de acordo com dados compilados nesta semana pelo Observatório da Indústria da Findes. No mesmo período, a indústria geral teve uma retração de 4,9% no Estado e de 1,1% no Brasil. Entenda os motivos. Acompanhe o Agro Business no Instagram
Indústria geral apresenta retração de 4,9%
A economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva, estima que o bom momento vivenciado pelo setor de papel e celulose pode ser atribuído “a uma demanda internacional sólida, que vem sustentando o preço da celulose no mercado externo”. Ela também observa que nem mesmo a parada em uma linha de produção na fábrica da Suzano no Estado, programada para o final do terceiro trimestre e o início do quarto, impactou de maneira significativa a produção de papel e celulose. Um dado da Suzano que chamou atenção na última semana, foi a quantidade de celulose e papel comercializada pela companhia no terceiro trimestre deste ano. Entre julho e setembro, a Suzano vendeu cerca de 2,8 milhões de toneladas de celulose e 331 mil toneladas de papéis. A receita obtida a partir da comercialização de celulose e papéis totalizou R$ 14,2 bilhões no terceiro trimestre de 2022. De acordo com o balanço trimestral da companhia, o volume é 4% superior ao mesmo período do ano passado e representa um novo recorde da companhia para os períodos de terceiros trimestres. A Suzano, que tem unidade fabril em Cachoeiro de Itapemirim e Aracruz, é a maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo e uma das maiores produtoras de papéis da América Latina. O gerente de Relações Corporativas da Suzano, André Brito, avalia que uma série de fatores contribuíram para o crescimento de 16,7% da produção de papel e celulose no Espírito Santo. Além disso, a empresa pode ter influência direta nos números. “O ambiente externo favorável, a evolução dos preços globais da celulose e o câmbio benéfico às exportações formam uma combinação que contribui para que a Suzano possa avançar em sua agenda estratégica e nas discussões de alocação de capital”, destacou.
Outros setores da indústria de transformação performaram negativamente
Enquanto a fabricação de celulose e papel cresceu consideravelmente no acumulado do ano (com alta de 16,7%), os demais setores da indústria de transformação performaram negativamente. Os produtos alimentícios registraram queda de 0,8% nos nove primeiros meses de 2022, metalurgia retraiu 1,2% e produtos minerais não-metálicos -7,2% no mesmo período. A indústria extrativa, por sua vez, contabilizou queda de 17% no acumulado do ano. A presidente da Findes, Cris Samorini, destaca que os resultados demonstram o desafio e também as oportunidades que o Estado e o país têm pela frente. Para ela, o atual cenário reforça a importância de o poder público olhar para a indústria como um caminho para retomar o desenvolvimento. “O recuo da indústria extrativa, puxado principalmente pelo segmento de petróleo e gás, indica que precisamos cada vez mais diversificar nossa economia e industrializar o Espírito Santo e o Brasil para gerar maior valor agregado aos negócios. Estruturar uma política industrial sólida é fundamental para crescermos e gerarmos mais emprego e renda para a população.”